Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Diretor da Funarte decide entregar teatro no Rio a companhia evangélica

Em documento, Roberto Alvim, diretor da fundação, diz que Bolsonaro deve atuar na área de arte e cultura, dominada pelo 'marxismo cultural'

Por Fernando Molica
3 out 2019, 17h35

Criado por Roberto Alvim, diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, o Projeto de Revitalização da Rede Federal de Teatros prevê que o Teatro Glauce Rocha, no centro do Rio, será transformado “no primeiro teatro do país dedicado ao público cristão”.

De acordo com documentos que constam de processo aberto na Funarte, o espaço será entregue à Companhia Jeová Nissi – fundado em 2000, o grupo tem orientação evangélica. No mês passado, Alvim chamou a atriz Fernanda Montenegro de “sórdida” e de “mentirosa”.

O processo a que VEJA teve acesso afirma que o país vive um “momento crucial no combate cultural”. Segundo o texto, é preciso que o governo do presidente Jair Bolsonaro “atue firme e propositivamente na área da arte e cultura, hoje dominada pelo marxismo cultural e pela agenda progressista”.

Em outro texto anexado ao processo, Alvim afirma que está formando um “exército de grandes artistas espiritualmente comprometidos com nosso presidente e seus ideais”. Segundo ele, todos estes estariam dispostos a “dar suas vidas pela edificação do Brasil, através da criação de obras de arte que redefinam a história da cultura nacional”.

O projeto prevê a criação do Teatro Brasileiro de Arte, companhia oficial dedicada à montagem de textos clássicos. O documento traz citações de frases atribuídas ao escritor Olavo de Carvalho e aos atores Carlos Vereza e Regina Duarte.

Continua após a publicidade

O processo também detalha a proposta de contratação da atriz Juliana Galdino, mulher de Alvim, para o cargo de diretora artística, no Teatro Plínio Marcos, de Brasília, do projeto de revitalização. Na quinta, 26, Alvim disse a VEJA que ela trabalharia de graça – mas, nos documentos, não há referência a um trabalho voluntário. Ele disse que desistira da contratação: segundo o diretor, por ser casada com ele, a atriz não poderia ter cargo na Funarte mesmo sem qualquer remuneração. Ela comandaria um projeto orçado em 3,508 milhões de reais. A Funarte é ligada ao Ministério da Cidadania.

Nas 63 páginas do processo há, porém, duas indicações de que Juliana seria remunerada. Na página 17 é dito que caberia às produtoras contratadas fazer pagamentos ao diretor artístico (cargo que ela exerceria). O contrato de exclusividade assinado entre Juliana e a Flo Produções e Entretenimento – que representa a atriz – diz que a empresa poderá, entre outros pontos, acertar o “valor do cachê”.

No contrato com a Flo, registrado em cartório no último dia 11, Juliana já é citada como diretora artística do Teatro Plínio Marcos. Cinco dias depois, Alvim ratificou uma solicitação de empenho (reserva de dinheiro) para a Flo Produções no valor de 688 mil reais – a quantia corresponde à primeira parcela do contrato.

Continua após a publicidade

Como VEJA revelou na sexta, 27, Roberto Alvim – nome artístico de Roberto Rego Pinheiro – foi o responsável pela indicação da própria mulher para a função. O processo traz uma carta assinada por ele em que o convite é formalizado. No dia 22 de agosto, ela enviou declaração em que aceita o cargo. No documento, ela afirma que seria representada com exclusividade pela Flo Produções e Entretenimento. Juliana e a produtora foram escolhidas sem licitação.

Em resposta a VEJA, Alvim afirmou por WhatsApp, nesta quinta, 3, que o trabalho não remunerado de Juliana consta de projeto de orçamento que estava sendo preparado. Lá, haveria a “discriminação minuciosa” de todos os gastos.

Segundo ele, nenhum contrato foi assinado e nada foi recebido por qualquer produtora. “Todos os processos da Rede Federal de Teatros estão em estudo e análise”, escreveu. Para Alvim, o “o resto é pura denúncia vazia”.

Em e-mail enviado a VEJA na sexta passada, o presidente da Funarte, Miguel Proença, afirmara que também não houve qualquer despesa. Ressaltou não ter aprovado o processo de revitalização da rede de teatros. Segundo ele, ninguém “recebeu nenhum valor relacionado ao projeto, nem houve contratação”.

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.