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Distrito Federal tem maior número de casos de coronavírus por habitantes

Acre e Ceará ocupam o segundo e terceiro lugar do ranking pelo mesmo critério

Por André Siqueira Atualizado em 24 mar 2020, 18h27 - Publicado em 24 mar 2020, 14h26

Até a noite de terça, 23, o Brasil possuía 1.960 casos confirmados do novo coronavírus. Em números absolutos, o estado de São Paulo registra a maior quantidade de infectados (745), seguido por Rio de Janeiro (233) e Ceará (164). Proporcionalmente, no entanto, o Distrito Federal é quem tem o maior número de casos a cada grupo de 100 mil habitantes, seguido pelo Acre. Segundo esse critério, o Distrito Federal possui 4,84 casos a cada 100 mil habitantes, contra 2,15 casos do Acre. Completam o ranking das cinco unidades da Federação com o maior índice o Ceará (1,85), São Paulo (1,62) e Rio de Janeiro (1,34). O estado com a menor proporção é a Paraíba, onde há 0,05 casos para cada 100 mil habitantes.

O número de casos por grupo de 100 mil habitantes serve de sinal amarelo para alguns estados, mas não significa necessariamente que a crise é maior nesse locais. “É preciso tomar cuidado com esse tipo de indicador devido às particularidades de cada região como, por exemplos, os recursos disponíveis aos órgãos de cada estado”, explica o infectologista Eliseu Waldman, da Universidade de São Paulo (USP). “Áreas mais populosas terão um déficit maior em relação ao número de kits. Isso justifica, por exemplo, a conduta dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro de aplicar testes somente em casos graves na hora da internação”, acrescenta. Em outros termos, devido à oferta limitada de kits, a possibilidade de subnotificação é maior em estados como São Paulo e Rio, o que pode distorcer a conta de pacientes por grupo de 100 mil habitantes.

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O especialista ressalta também que é equivocado inferir que o contágio e a proliferação dos casos serão maiores onde há maior concentração de casos. Waldman diz ainda que não é possível estabelecer neste momento uma correlação entre a maior disseminação do coronavírus em regiões mais quentes. “Na Itália, à medida em que você vai para o Norte, onde é mais frio, a incidência é muito maior. Em parte, isso pode ser atribuído a alguns erros de gestão no início da epidemia. No Brasil, por enquanto, os estados do Norte e Nordeste, em números absolutos, foram menos atingidos. Além de serem regiões mais quentes, podem ter sofrido menos no início da crise porque boa parte da população não viajou ao exterior. Como se sabe, os primeiros casos de contaminação vieram de pessoas que trouxeram a Covid-19 de fora. Mas são apenas hipóteses, ainda temos poucas certezas sobre a disseminação da doença.”

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