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Entidade faz raio X da violência contra crianças e adolescentes no Brasil

Levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria aponta média de 196 agressões por dia notificadas em unidades de saúde no país; até bebês são vítimas

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 out 2024, 16h47 - Publicado em 25 out 2024, 16h47

Diariamente, crianças e adolescentes que deveriam estar crescendo com segurança, amor e acolhimento estão sendo alvo de agressões físicas. Os números assustam. No ano passado, a média diária de violência contra pessoas de 0 a 19 anos notificadas em unidades de saúde do Brasil foi de 196 casos e este índice pode estar abaixo da realidade. Os dados são da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que realizou o levantamento junto ao Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

O número de crianças e adolescentes agredidos pode ser maior porque muitos não chegam ao conhecimento dos órgãos como Conselho Tutelar, embora a notificação seja compulsória. A estimativa é de 80% dos episódios de agressão contra a população de até 14 anos ocorram em casa. Logo, quem deveria proteger é responsável pela violência.

“A subnotificação é um grande desafio, impedindo uma compreensão mais precisa da real dimensão do problema. Muitas agressões não são relatadas, especialmente em áreas remotas ou com poucos recursos. Isso é particularmente evidente na região Norte, onde o número de notificações é significativamente menor, o que pode estar relacionado tanto à dificuldade de acesso aos serviços de saúde quanto à ausência de mecanismos eficazes de denúncia”, explica Clóvis Francisco Constantino, presidente da SBP.

Bebês também são alvo de agressões

A entidade consegue mapear os dados do Sinan relacionados às agressões da população pediátrica por causa da obrigatoriedade de notificação de todos os casos suspeitos ou confirmados de violência contra crianças e adolescentes, uma determinação do Ministério da Saúde e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

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Além do Conselho Tutelar, a polícia e o Ministério Público podem ser acionados, principalmente em situações mais graves, como episódios de violência sexual.

Os dados do Sinan apontam que nem bebês são poupados das agressões. No ano passado, foram mais de 3 mil casos envolvendo a população com menos de 1 ano de vida. As principais vítimas, no entanto, são adolescentes de 15 a 19 anos, totalizando 35.851 notificações. Na faixa de 5 a 9 anos, foram 8.370 casos.

“A violência contra crianças e adolescentes é uma doença silenciosa que ocorre, na maioria das vezes, dentro de suas próprias casas. Por isso, é fundamental que os profissionais de saúde estejam atentos e sensíveis aos sinais de violência”, diz Luci Pfeiffer, presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância e Adolescência da SBP.

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Luci alerta sobre os principais sinais: “Fraturas inexplicáveis ou específicas de traumas intencionais, relatos contraditórios ou lesões incompatíveis com o trauma descritos, ou com o desenvolvimento psicomotor da criança, são indicativos claros de que precisa de maior avaliação, diagnóstico, tratamento e proteção imediata”.

É importante saber que o ciclo de violência dentro da família se perpetua, fazendo com que filhos reproduzam o comportamento no futuro, algo que causa dores físicas, mas também afeta a saúde mental. São atos que precisam ser interrompidos pelo bem-estar dessa população e de toda a sociedade.

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