Eunício diz ao STF que suspendeu salário e benefícios de Aécio
Presidente do Senado enviou ofício ao ministro Marco Aurélio Mello em que também informa que nome do tucano foi retirado do painel eletrônico da Casa
Alvo de críticas por não ter concretizado o afastamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) do mandato, determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), enviou um ofício ao ministro Marco Aurélio Mello, do STF, em que informa as medidas tomadas pela Casa para cumprir a decisão judicial. De acordo com o documento assinado por Eunício, o pagamento de salários e verbas indenizatórias e o carro oficial a que Aécio tem direito como parlamentar estão suspensos desde o dia 18 de maio, quando o ministro Edson Fachin afastou o mineiro do Senado.
Eunício Oliveira também afirma que o tucano foi “imediatamente intimado” da decisão de Fachin pela mesa diretora do Senado e que o nome dele foi retirado do painel de votações da Casa e das comissões parlamentares. O site do Senado incluiu na página de Aécio Neves (veja abaixo) a informação que ele foi afastado do mandato por decisão judicial.
A resposta de Eunício a Marco Aurélio se dá após o ministro do Supremo cobrar o afastamento do senador. “Enquanto não alterada a decisão judicial, ela tem que ser cumprida. Mas, como parece que nessa quadra é comum deixar-se de cumprir decisão judicial, tempos estranhos, tempos estranhos”, declarou ontem o ministro do STF, para quem a consequência natural da decisão de afastar Aécio Neves seria o Senado convocar o suplente para ocupar a vaga.
Mais cedo nesta quarta-feira, o presidente do Senado também rebateu esta afirmação de Marco Aurélio Mello, relator do inquérito aberto contra Aécio a partir da delação da JBS. O peemedebista afirmou que o regimento interno da Casa prevê a convocação de suplente após 120 dias de vacância do cargo.
Veja abaixo o ofício encaminhado por Eunício Oliveira ao ministro do STF:
O que pesa contra Aécio
Aécio Neves é investigado no inquérito 4506 do STF pelo crime de corrupção passiva e foi um dos alvos da Operação Patmos, que prendeu sua irmã, a jornalista Andréa Neves. O pedido de prisão do tucano deve ser apreciado na Primeira Turma do Supremo na semana que vem. Ontem, o colegiado manteve, por 3 votos a 2, a prisão de Andréa.
O senador afastado foi gravado pelo delator Joesley Batista, dono do Grupo J&F, em uma conversa em que pediu 2 milhões de reais ao empresário. O dinheiro seria supostamente destinado ao pagamento de honorários do advogado do tucano, Alberto Zacharias Toron, na Lava Jato.
“Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”, sugeriu Joesley ao tucano. “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho”, respondeu Aécio.
O “Fred” a quem o senador mineiro se refere é Frederico Pacheco de Medeiros, encarregado de pegar o dinheiro. Pacheco de Medeiros recebeu o valor, fracionado em quatro parcelas de 500.000 reais, das mãos do diretor de relações institucionais da JBS, Ricardo Saud.
A PF filmou três das entregas de dinheiro na sede da empresa, na capital paulista, também feitas por Saud. O primo de Aécio também foi preso na Patmos.