Tarifaço é ‘agressão’ ao Brasil e não tem justificativa econômica, diz ex-chanceler
A VEJA, Aloysio Nunes afirmou que medida de Trump teve 'apoio e articulação da extrema direita brasileira' e ressaltou a soberania brasileira
As consequências políticas e econômicas e as reações de autoridades ao tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto foram os principais temas do programa Os Três Poderes, de VEJA, desta sexta-feira, 11. Transmitido ao vivo sempre às 11h em todas as plataformas digitais de VEJA, a edição recebeu o ex-ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes para comentar o tema.
Questionado se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu da forma correta ao dizer que vai procurar organismos internacionais e que o Brasil poderá usar a Lei da Reciprocidade Econômica contra os Estados Unidos, Nunes disse que o petista teve uma “reação equilibrada, sábia, a altura da agressão que o Brasil sofreu” do presidente Trump, que, para ele, não se justifica economicamente falando.
“[Agressão] com o apoio e articulação da extrema direita brasileira, capitaneada por Jair Bolsonaro e reagiu com moderação. Ele tem obrigação legal de impor tarifas recíprocas. O presidente Lula prefere a negociação, ver se é possível ainda uma negociação com os Estados Unidos, para que o presidente Trump recue diante desse tarifaço que não tem nenhuma justificativa do ponto de vista econômico”, ressaltou o ex-deputado.
“Essa coisa não surgiu de um dia pro outro na cabeça tresloucada do Trump, debaixo daqueles cabelos cor de laranja, isso foi também resultado de uma articulação com a extrema direita brasileira que é uma sucursal da extrema direita americana”, acrescentou o também ex-senador, destacando ainda a soberania brasileira, que, segundo ele, não é aceita pelo político republicano.
“O Brasil é um país relevante, tem presença forte em organismos internacionais, que tratam de assuntos que diz respeito ao presente e ao futuro da humanidade. O que não passa pela garganta de gente como o Trump é que um país nessas condições não seja vassalo dos Estados Unidos. Para eles e para a direita brasileira que o sustenta, o Brasil tem que ser um quintal dos Estados Unidos”, opinou.
“É mentalidade desse setor de extrema direita americana que o Trump representa. Eles não admitem que um país da importância do Brasil possa ter atitudes independentes e se relacionar no âmbito do Brics com outros países. É uma agressão que do ponto de vista econômico não se sustenta. É uma questão política e a culpa é do Trump e dos seus aliados brasileiros – e não do Lula”, completou Nunes, dizendo ainda que “não estamos diante de alguém razoável” e “em algum momento a ficha dele vai cair”.
O programa, apresentado por Marcela Rahal, com comentários de Robson Bonin, José Benedito e Diogo Schelp, também falou com o deputado federal Mauro Benevides (PDT-CE). O parlamentar analisou o projeto que corta em 10% os incentivos tributários e que teve a urgência aprovada pela Câmara nesta quinta-feira 10 e tratou da crise do IOF. Os desdobramentos da eleição no PT foi outro tema abordado na edição.