Ex-policial que sequestrou enteado de Marcola é preso no interior de SP
Augusto Peña e outro ex-policial civil foram condenados por sequestrar Rodrigo Olivetto de Morais para extorquir dinheiro do traficante, em abril de 2005
A polícia prendeu na terça-feira 9 o ex-policial civil Augusto Peña, condenado a 22 anos de prisão pelo sequestro do enteado de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O ex-policial era procurado desde a condenação, em 2015.
Peña foi abordado por policiais militares de Ibaté, no interior de São Paulo, quando tentava entrar em uma casa, no bairro São Benedito. Sua atitude foi considerada suspeita. Os policiais constataram que havia um mandado de prisão contra ele. O ex-policial foi levado para uma cadeia pública da região, onde aguardaria transferência para um presídio.
Augusto Peña e outro ex-policial civil também condenado foram acusados de sequestrar, em abril de 2005, Rodrigo Olivetto de Morais, filho da ex-mulher de Marcola, para extorquir dinheiro do traficante. Morais foi levado para a Delegacia Central de Suzano, na Grande São Paulo, onde foi ameaçado e espancado.
Os policiais exigiram 1 milhão de reais para não prendê-lo sob a falsa acusação de tráfico de drogas. O PCC pagou 300.000 reais e o enteado de Marcola foi solto. Os policiais também teriam recebido, em abril de 2006, 40.000 reais para facilitar a fuga do traficante Gilmar Horta Lisboa, conhecido como Pebinha.
Com a descoberta do plano, Lisboa foi removido para outra unidade. Como represália ao não cumprimento do acordo, o PCC ordenou um ataque à delegacia de Suzano, mas a Polícia Civil foi avisada sobre a ação e emboscou o grupo, matando quatro integrantes da facção criminosa. Na manhã seguinte, o PCC se vingou assassinando dois carcereiros e um amigo dele numa feira livre da cidade.
Especialistas em segurança pública afirmam que as extorsões contra integrantes do PCC teriam sido o estopim para os ataques contra as forças policiais, em maio de 2006, em todo o Estado de São Paulo. Na ocasião, a facção criminosa comandou rebeliões em 74 presídios e matou 43 agentes públicos. Entre 12 e 20 de maio daquele ano, 493 pessoas foram assassinadas, a maioria por policiais, na maior crise já registrada na segurança pública paulista.