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Família de catador morto pelo Exército irá à Justiça por indenização

Luciano Macedo deixou esposa, de 27 anos, grávida de cinco meses; ele foi a segunda vítima dos oitenta tiros disparados por militares em ação no Rio

Por Guilherme Venaglia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 abr 2019, 19h56 - Publicado em 18 abr 2019, 17h19

Segunda vítima fatal dos oitenta tiros disparados por militares do Exército brasileiro durante ação de policiamento no Rio de Janeiro, o catador de recicláveis Luciano Macedo, de 28 anos, faleceu nesta quinta-feira, 18. Grávida de cinco meses, a viúva de Luciano, Taiana, de 27 anos, e a mãe, Priscila, irão à Justiça contra a União por indenização e pensão.

A informação foi confirmada a VEJA pela assessoria de imprensa do advogado João Tancredo, que presta apoio jurídico aos familiares do catador. A expectativa do defensor é do esclarecimento do caso, de modo a delinear as responsabilidades sobre o ocorrido. De toda forma, existe o entendimento de que os militares atuavam pelo Exército – ou seja, em nome do estado.

No último dia 7, um grupo de militares abriu fogo contra o carro do músico Evaldo dos Santos Rosa, que ia com a família para um chá de bebê. O veículo foi confundido com outro, guiado por assaltantes. Evaldo morreu na hora. Luciano Macedo se aproximou do veículo para ajudar a família do músico a deixar o carro quando também foi atingido.

O teólogo Antonio Carlos Costa, da ONG Rio de Paz, diz que Taiana e Priscila não receberam apoio de entidades públicas ao longo dos onze dias de internação. A organização está promovendo uma arrecadação de recursos em prol da família. “A família está desamparada. A sociedade civil, mais uma vez, está fazendo o que o estado não fez. Nós já arrecadamos 12.000 reais para ajudar com hospedagem, alimentação e com o enxoval do bebê”, contou a VEJA.

Hospital

Na noite de terça-feira, a Justiça do Rio determinou a transferência de Luciano Macedo do Hospital Carlos Chagas para um outro equipamento público, o Hospital Moacyr do Carmo, onde ele poderia ter maiores chances de sucesso em uma cirurgia no pulmão, área atingida pela bala disparada.

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Ontem, uma nova decisão foi proferida no final da tarde, dando um prazo de 24 horas para que a transferência ocorresse. Se nenhum hospital público com condições fosse encontrado, ele deveria ser removido para um hospital particular. A transferência nunca chegou a acontecer e ele foi operado no próprio hospital onde estava, falecendo na madrugada desta quinta-feira após complicações.

A Secretaria de Saúde do Rio afirma que a remoção não foi realizada em virtude do estado de saúde de Luciano, que não possibilitaria as condições mínimas de transporte. O escritório de advocacia que apoia a família pretende pedir a apuração do ocorrido e, de acordo com os resultados, eventualmente buscar a responsabilização legal pelo descumprimento da decisão judicial.

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