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Flávio Bolsonaro conseguiu: promotora do caso rachadinhas será investigada

Conselho Nacional do Ministério Público aceitou pedido do senador e abriu sindicância para apurar denúncia de abuso de autoridade e vazamento de informações

Por Sofia Cerqueira Atualizado em 5 out 2020, 22h10 - Publicado em 5 out 2020, 21h54
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  • O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) instaurou, na tarde desta segunda-feira, 5, sindicância contra a promotora Patrícia do Couto Villela, que chefiou as investigações sobre o suposto esquema de rachadinhas no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A decisão acata a reclamação feita pelo senador ao órgão que pedia para que fosse “instaurada sindicância ou processo disciplinar para a apuração de eventuais infrações e até mesmo possíveis crimes de abuso de autoridade que possam ter sido cometidos” por Vilela e pela equipe de promotores comandados por ela, o Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc).

    A decisão do CNMP, assinada pelo corregedor Nacional do Ministério Público Rinaldo Reis Lima, se baseia na reclamação de Flávio de que Villela poderia ter praticado abuso de autoridade e o vazamento de informações contidas no processo. O filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro ingressou com a representação contra a promotora no início de setembro. Alguns dias depois, o Ministério Público do Rio de Janeiro concluiu a investigação sobre o caso da rachadinhas – desvio dos salários de assessores para o parlamentar ou algum representante seu. Flávio e seu ex-assessor Fabrício Queiroz devem ser denunciados pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. No processo, o policial militar aposentado é apontado como operador do esquema de corrupção que funcionava no antigo gabinete na Alerj, e o senador como chefe da organização criminosa.

    De acordo com a investigação conduzida pelo MP fluminense, Flávio comandava o esquema que movimentou entre abril de 2007 e dezembro de 2018 ao menos 2 milhões de reais, tendo Queiroz como o operador. O relatório final está com o subprocurador-geral de Justiça de Assuntos Criminais e Direitos Humanos, Ricardo Martins, e a expectativa é que a denúncia contra o senador seja formalizada nos próximos dia. Uma das consequências da ofensiva do filho Zero Um de Bolsonaro contra a equipe do Gaecc, caso venha ter sucesso, é desacreditar o trabalho feito pelo grupo. Com isso, os advogados do senador, Luciana Pires e Rodrigo Roca, terão a chance de pedir a rejeição da denúncia pela Justiça e tentar anular provas e conseguir, quem sabe, a sua absolvição.

    Antes da instauração da sindicância contra a chefe do Gaecc, Flávio já havia conseguido que promotora Patrícia do Couto Villela fosse intimada pelo CNMP a se explicar sobre um suposto arrombamento da porta da franquia da Kopenhagen, de sua propriedade, num shopping do Rio, que teria ocorrido em uma ação ocorrida em dezembro de 2019 para colher provas no local. Ele também reclamou ao CNMP de vazamentos à imprensa de informações do inquérito que corre contra ele, sob sigilo de Justiça. Desde o início das investigações em torno do esquema das rachadinhas, ele tem se valido da estratégia de tentar parar as investigações, afastar os responsáveis pelo trabalho, além de colocar embaraços à apuração.

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