Sem as tradicionais madeixas loiras, obtidas graças a apliques colocados em salões de beleza, Flordelis apareceu de cabelo curto e cara abatida para o julgamento do assassinato de seu marido, o pastor evangélico Anderson do Carmo, na 3ª Vara Criminal do Fórum de Niterói, no Rio de Janeiro. Ela, uma filha biológica, uma neta e dois filhos adotivos são acusados de tramar o crime, ocorrido em junho de 2019. A ex-deputada permaneceu a maior parte do tempo com a cabeça baixa, chorou em alguns momentos e chegou a receber tratamento médico depois de sentir náuseas e vomitar. Enquanto isso, diante do júri, defesa e acusação trocavam farpas a cada depoimento das testemunhas. A juíza, Nearis Arce, também bateu boca com os advogados, quando eles quiseram tratar da aplicação de Botox, sem explicar a relevância dos procedimentos estéticos no caso. Até o momento, a estratégia do Ministério Público é caracterizar uma divisão entre “duas facções” na bizarra família montada pelo casal religioso com mais de cinquenta filhos “afetivos”, que conviviam numa mesma casa. A versão foi corroborada por um de seus integrantes: “Era time A e time B, se estava contra ela, era o próprio demônio”, disse Alexsander Mendes, um dos adotados. Enquanto esteve ao lado de Anderson, Flordelis fez de tudo para atrair os holofotes, posando como matriarca de um clã harmonioso. Foi como suspeita de um homicídio, contudo, que conquistou a fama tão sonhada. A sentença, infelizmente, ainda vai demorar a sair.
Publicado em VEJA de 16 de novembro de 2022, edição nº 2815