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Gestão Doria ‘envelopa’ área em viaduto com moradores de rua

Telas foram colocadas em espaço sob a Avenida 9 de Julho, onde estão cerca de 50 pessoas; prefeitura diz que ação visa a proteger ocupantes do local

Por Da redação
Atualizado em 6 jan 2017, 16h38 - Publicado em 6 jan 2017, 13h34

A gestão do prefeito João Doria (PSDB) instalou telas em volta do Viaduto Doutor Plínio de Queirós, na Avenida 9 de Julho, no centro da capital paulista, onde há moradores de rua desde segunda-feira, quando a prefeitura executou a primeira ação do programa Cidade Linda, de mutirões de zeladoria. Os moradores de rua estão abrigados em uma quadra embaixo do viaduto, que agora foi “envelopada”. O governo municipal afirma que a medida é para proteção deles.

Com as telas, é possível ver apenas vultos das pessoas e suas barracas. Funcionários a serviço da Prefeitura Regional da Sé disseram que as telas serviriam para impedir que as pessoas que transitam pela rua possam ver o que se passa no local. “Mas isso aqui vai durar dois dias. Logo eles (moradores de rua) tiram”, disse um dos servidores.

Há cerca de 50 moradores de rua abrigados no espaço. Eles disseram não saber o motivo da instalação das telas e reclamam da concentração de tanta gente naquele lugar. “Eu já estava aqui antes de vir todo mundo para cá. Agora, já começou a ter briga, sumir coisas. Não vou ficar mais aqui”, contou, enquanto carregava sacos e mochilas, a moradora de rua Simone Santos, de 36 anos.

Já os moradores dos prédios do entorno do abrigo improvisado também reclamam da situação. “Primeiro que, à noite, muitos deles saem de lá (da quadra) e voltam para onde estavam, na praça. E deixam toda a sujeira de manhã. Outra coisa é o barulho. Ontem à noite, chegou uma mulher com vários cachorros e eles ficaram latindo a noite toda”, conta a aposentada Neyde Andrade, de 59 anos.

Na 9 de Julho, após a operação da prefeitura, ainda há barracas e carroças de gente que não quis ir para a quadra. Também há novos grafites nas paredes pintadas na segunda-feira.

O padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, que esteve na quadra nesta quinta-feira, disse que “a situação é dramática”. “Criou-se uma série de expectativas que precisam ser concretizadas com urgência”, afirmou. “Aos moradores de rua foram ditas informações desencontradas para convencê-los a ir para a quadra, promessas de trabalho, encaminhamento, acolhimento, e eles estão agitados.” O padre continua: “E entre os moradores dos prédios foi criada a expectativa de que os moradores de rua iriam sair. Há muita tensão”.

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Segundo Lancellotti, os moradores de rua se queixam de serem filmados, fotografados e xingados pelos moradores dos prédios durante a noite. “Tenho medo de uma tragédia”, disse.

Proteção

Por meio de nota, a gestão Doria informou que “a prefeitura instalou telas no local para proteção dos moradores” e que a ação só foi executada “após diálogo entre agentes da Secretaria de Assistência Social e as pessoas em situação de rua”. No texto, a administração diz que a ocupação do espaço é provisória e que a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social está atuando para que os moradores “aceitem os encaminhamentos da rede”.

A expectativa é de que as pessoas que se encontram no local sejam encaminhadas para vagas de acolhimento, moradia e emprego o mais breve possível”, diz o texto.

(Com Estadão Conteúdo)

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