Em meio a uma pandemia que já matou 35.000 pessoas e já contaminou mais de 650.000 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro decidiu oficialmente restringir a divulgação de informações sobre a doença no país. Para o governo, o formato que vinha sendo usado para a contagem de mortos e contaminados não reflete o momento do país.
O Ministério da Saúde vai recontar o número de mortos pelo coronavírus, sob o argumento de que estariam sendo registrados casos a mais. O governo federal trabalha com a hipótese de que Estados e municípios estariam manipulando os dados para se beneficiarem de mais repasses de verbas. O novo secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Wizard, disse ao jornal O Globo que os dados atuais seriam “fantasiosos ou manipulados”.
Pesquisas, porém, mostram exatamente o contrário, ou seja, haveria uma subnotificação dos dados, já que muitos corpos são enterrados sem autópsia, sem exames precisos e com resultados atrasados.
Nas redes sociais, o presidente afirmou que a pasta “adequou” a divulgação dos dados sobre casos e mortes para “maior precisão”. As informações sobre o número de mortos e contaminados, que eram divulgadas no início da noite, nos últimos dias tem sido divulgadas às 22 horas. Bolsonaro sustenta que o governo optou por este horário para evitar subnotificações e inconsistências.
Os jornalistas perguntaram ao presidente durante a visita que fez a uma unidade do Exército, em Formosa, Goiás, sobre a mudança na metodologia adotada desde o início da pandemia, mas ele não quis responder.
Quem abrir a página do Ministério da Saúde neste momento não vai mais encontrar notícias claras sobre o coronavírus, vai encontrar apenas notícias positivas. A notícia que abre a página principal do site neste momento é: “Brasil já tem 7.764 leitos de UTI exclusivos para pacientes com coronavírus”. Nas ‘últimas notícias’ do Ministério da Saúde constam duas chamadas com o mesmo título: “Brasil registra quase 12 mil recuperados nas últimas 24 horas”.