Em 2018, o então candidato à Presidência da Repúblical, Guilherme Boulos, recebeu doações de 6,2 milhões de reais, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral. Para organizar a contabilidade, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto criou a empresa Eleição 2018 Guilherme Castro Boulos Presidente.
A empresa encerrou as atividades assim que terminou a eleição, deixando um rastro de débitos com a Previdência Social. Nesta sexta-feira 27, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) registrava o valor atualizado da dívida do agora candidato a prefeito de São Paulo: 46,3 mil reais.
Caso o débito não seja quitado, a Procuradoria deve ingressar com representação fiscal junto à Justiça Federal para cobrar o candidato. Por questões de sigilo, a Receita não detalha informações sobre as multas aplicadas à empresa de Boulos, mas os boletos disponíveis no site mostram que são débitos relativos à contribuição dos segurados.
Dívida de Boulos na Receita teve valor corrigido
Em março, a dívida de Boulos estava em 44,4 mil reais. Na época, ele confirmou a VEJA que tinha ciência do problema: “As dívidas mencionadas pela reportagem são dívidas de campanha que serão quitadas pelo PSOL”. Não foram.
Em 2020, quando também disputou o cargo de prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos disse que, caso eleito, pretendia implantar um programa de assistência às pessoas em situação de extrema pobreza. Os recursos seriam oriundos da cobrança dos devedores do fisco local.
Boulos foi incisivo ao defender a ideia de apertar o cerco aos sonegadores para investir em projetos sociais. “Dinheiro tem, o problema é a falta de prioridade”, disse. “Eu vou ter prioridade em fazer isso, outros prefeitos tiveram as campanhas financiadas por esses mesmos devedores. Eu não tenho o rabo preso, vou fazer esse enfrentamento”.
VEJA procurou Boulos novamente para falar sobre os créditos inscritos em Dívida Ativa. A assessoria de imprensa da campanha do candidato informou que o PSOL “está viabilizando o pagamento”.