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Há uma novidade na paisagem brasileira: os totens de segurança monitorados pela polícia

Sistema também vem proliferando pelo mundo

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 nov 2025, 08h00

A insegurança é um problema milenar de grandes cidades pelo mundo. No Império Romano, César Augusto (27 a.C.-14 d.C.) criou uma polícia especial para conter crimes, organização que não demorou a se associar a iniciativas particulares. Na Idade Média, muralhas, portões e guardas noturnos surgiram como barreiras físicas contra saques e destruições. A violência, no entanto, persistiu, ainda que à margem dos Estados os cidadãos se organizassem como podiam. Atualmente, a aposta é a evolução das câmeras de circuito interno de TV, que ganharam as ruas de metrópoles globais — e, nesse terreno, o Brasil desponta como um grande mercado.

Alimentadas por recursos de inteligência artificial (IA), elas trabalham com reconhecimento facial e leitura de placas de carros. Espalham-se com velocidade, mudando a paisagem de São Paulo, Rio de Janeiro e, em breve, Belo Horizonte. A estratégia é associar os totens privados ao sistema de segurança público. Condomínios pagam para ter câmeras na fachada, de cores vistosas, modernas, vigiadas pelas centrais policiais. O sistema nasceu com a intenção de controlar o movimento da rua e ganhou tração quando vizinhos enxergaram nas peças a boia de esperança contra o crime. E, então, houve o pulo do gato. “No início, há cinco anos, não existia plataforma de comunicação com a segurança pública”, diz Vitor Finger, sócio da Gabriel, empresa com 14 000 câmeras espalhadas em São Paulo, Rio e Niterói. A ideia pegou e tem trazido bons resultados, ainda que não represente o fim dos problemas.

Com a ajuda do sistema privado, o Smart Sampa, maior programa de monitoramento público de segurança da América Latina, integra hoje 25 000 câmeras, das quais boa parte é particular. Desde que foi inaugurada na capital do estado de São Paulo, no ano passado, a engrenagem já conseguiu capturar mais de 2 000 foragidos, prender pouco mais de 3 200 criminosos em flagrante e localizar 92 desaparecidos. No Rio, a Central de Vigilância do Município tem 6 500 câmeras e pretende chegar a 20 000 em três anos — além da Gabriel, há outras companhias, como a Verisure e a Pro Security, de funcionamento similar. Apesar da empolgação com os projetos, convém destacar, há detalhes que exigem atenção. A quantidade de erros de identificação vem caindo, mas eles ainda ocorrem. Quando ocorrem, abrem as portas para injustiças. Em abril, por exemplo, um idoso de 80 anos foi confundido pelo sistema de reconhecimento facial do Smart Sampa paulistano com um estuprador. Levado pelos policiais, ficou detido por dez horas na delegacia até que a confusão fosse desfeita.

ALCANCE - Central de controle no Rio: 6 500 equipamentos integram o sistema
ALCANCE - Central de controle no Rio: 6 500 equipamentos integram o sistema (Prefeitura do Rio de Janeiro/COR/.)

As empresas usam equipamento ostensivo: em geral, são três câmeras instaladas no alto de um poste ou de um pedestal pintado e iluminado, fixado na fachada de prédios comerciais e residenciais. Há um interessante efeito de contaminação. Basta um síndico instalar o espião eletrônico na frente do condomínio pelo qual responde para que os prédios ao redor também decidam aderir à iniciativa. Agem, a rigor, por medo, ancorados na estatística possível, e ninguém quer ficar de fora. Em São Paulo, por exemplo, houve em 2025, até aqui, algo em torno de 600 episódios de roubos a casas e condomínios, em número que nem de longe espelha a realidade.

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A onda brasileira brotou do sucesso, em outros países, do casamento do dinheiro colhido por impostos com o dinheiro individual — porque os governos não podem tudo, e não adianta esperar para ver. Quando há uma boa coordenação, os ganhos não são nada desprezíveis. Londres, por exemplo, é uma das cidades mais vigiadas do mundo, com 942 000 câmeras integradas. Registrou-se ali queda na criminalidade, em boa parte graças à implantação do sistema. Isso não quer dizer que as máquinas operem milagres, evidentemente. Roubos e assaltos continuam acontecendo nas cidades com essas ferramentas de monitoramento. A diferença é que as polícias locais conseguem ampliar o esquema de vigilância com o auxílio eletrônico, o que ajuda também a traçar estratégias mais eficazes de distribuição das rondas ostensivas.

No Brasil, a proliferação rápida do sistema tem gerado alguns ruídos. Há uma briga no Rio de Janeiro da prefeitura local com a Gabriel. A autoridade municipal vem forçando a empresa a mudar de endereço 400 câmeras que supostamente ocupavam espaços públicos em que já havia acompanhamento oficial. Especialistas reforçam também o alerta: a tecnologia é bem-­vinda, mas o país tem um longo caminho ainda a percorrer para resolver os problemas de segurança, questão em debate no Congresso. “A saída é uma prevenção integrada entre segurança, políticas de mobilidade, habitação, educação e cultura”, diz Tomas Alvim, cofundador do Laboratório Arq.Futuro de Cidades, do Insper, centro de discussões sobre planejamento urbano. Os totens eletrônicos integram essa equação e vão fazer cada vez mais parte da paisagem urbana.

Publicado em VEJA de 21 de novembro de 2025, edição nº 2971

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