O Ibama vai comprar um sistema de inteligência para procurar criminosos na internet. Orçado em mais de 5,8 milhões de reais, a ferramenta vai permitir a identificação de crimes ambientais em todos os níveis, especialmente na chamada dark web, o submundo da rede mundial de computadores, onde são negociados animais silvestres em extinção.
Uma das empresas habilitadas para a disputa vai oferecer o Cognyte Orbis Web Intelligence Center, uma solução digital que rastreia o chamado submundo da internet. A ideia é colher informações para dificultar a ação dos traficantes de animais que agem no Brasil e têm conexões em outros países.
A empresa é a mesma que vendeu o FirstMile para a Abin — um sistema de rastreamento por celular, utilizado indevidamente pela agência para criar a chamada “Abin Paralela”, para monitorar políticos, autoridades do Judiciário e jornalistas. A Abin é investigada pela Polícia Federal pelo uso indevido da ferramenta, sem autorização judicial.
A compra do sistema para rastrear crimes na dark web vai ser feita a pedido da Coordenação de Inteligência Ambiental do Ibama. “Atualmente a internet tem sido utilizada como instrumento para veiculação de diversos crimes, em especial os ambientais, principalmente por infratores que comercializam ilegalmente diversas espécies da fauna e flora, inclusive aquelas ameaçadas de extinção”, justifica o Ibama.
Busca por crimes ambientais na internet é feita hoje de forma manual
Como exemplo da ação dos criminosos, o Ibama lembra do resultado da Operação Teia, em 2018, para combater ilícitos nas redes sociais. O órgão identificou 1.342 animais silvestres colocados à venda na internet, sendo a metade deles de espécies protegidas pela legislação. Hoje, a Coordenação de Inteligência Ambiental busca dados nas mídias sociais de forma manual, o que diminui a sua efetividade.
O Ibama conta com 53 agentes de inteligência para identificar crimes ambientais na rede mundial de computadores. “A aquisição do software de pesquisa e análise de fontes abertas permitirá a busca de informações em redes sociais como ferramenta no levantamento de dados de possíveis infratores”, diz o Ibama.