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Investigado, reitor da UFSC é encontrado morto em shopping

Luis Carlos Cancellier Olivo teria se jogado de um vão central do Beiramar Shopping na manhã desta segunda-feira; ele havia sido preso no dia 14 de setembro

Por Da Redação Atualizado em 2 out 2017, 14h58 - Publicado em 2 out 2017, 12h40

O reitor afastado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luis Carlos Cancellier Olivo, 60 anos, foi encontrado morto nesta segunda-feira, no Beiramar Shopping, em Florianópolis, após provavelmente ter se jogado de um vão central do estabelecimento. Segundo o blog do Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo, Olivo teria se atirado logo após a abertura do shopping, às 10 horas. Ele foi identificado por meio da carteira de habilitação encontrada em seu bolso.

O reitor, com outros professores e funcionários da UFSC, foi preso pela Polícia Federal na manhã do dia 14 de setembro em meio às investigações da Operação Ouvidos Moucos, que apura um esquema de corrupção que teria desviado bolsas e verbas no valor total de 80 milhões de reais nos recursos para cursos de educação a distância (EaD) do Programa Universidade Aberta (UAB).

“Foi identificado que docentes da UFSC, empresários e funcionários de instituições e fundações parceiras teriam atuado para o desvio de bolsas e verbas de custeio por meio de concessão de benefícios a pessoas sem qualquer vínculo com a universidade”, informou à época a PF em nota. Ainda de acordo com a polícia, os integrantes da alta gestão da instituição teriam exercido pressão sobre integrantes da Corregedoria da universidade que realizavam internamente a apuração administrativa – foi isso que teria levado à decretação da prisão do reitor.

O programa UAB foi instituído em 2006 pelo governo federal com o objetivo de capacitar prioritariamente professores da rede pública de ensino em regiões afastadas e carentes do interior do país. Os indícios mostram que professores, especialmente docentes do Departamento de Administração (um dos que recebem a maior parcela dos recursos destinados ao EaD da UFSC), funcionários das instituições e fundações parceiras e empresários ligados às fraudes atuaram em conjunto para desviar valores repassados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) à UFSC.

Segundo a PF, em alguns casos, bolsas de tutoria foram concedidas até mesmo a pessoas sem nenhum vínculo com as atividades de magistério superior em EaD, inclusive parentes de professores que integravam o programa. Também foram identificados casos de direcionamento de licitação com o emprego de empresas de fachada na produção de falsas cotações de preços de serviços, principalmente para a locação de veículos.

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“Num dos casos mais graves e mais bem documentados pelos investigadores, professores foram coagidos a repassar metade dos valores das bolsas recebidas para professores envolvidos com as fraudes”, afirma a PF. Os alvos da operação são investigados pelos crimes de fraude em licitação, peculato, falsidade documental, estelionato, inserção de dados falsos em sistemas e organização criminosa.

Em nota, a UFSC informou à época que “foi tomada por absoluta surpresa” com a condução do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo pela PF. “A Administração Central tinha conhecimento dos procedimentos de apuração, conduzidos pela Corregedoria-Geral da UFSC sobre supostas irregularidades ocorridas em projetos executados desde 2006. Sempre mantivemos a postura de transparência e colaboração, no sentido de permitir a devida apuração de quaisquer fatos de modo a atender às melhores práticas de gestão”, disse.

Defesa

Solto no dia seguinte à prisão, Olivo, que era reitor desde maio de 2016, negou, em entrevista ao jornal Diário Catarinense, que tivesse tomado qualquer atitude no caso que significasse obstrução à apuração, como apontou a PF. “De forma peremptória, devo negar qualquer atitude que leve à obstrução da denúncia feita em relação à universidade. Nunca foi do feitio da reitoria e muito menos de nossa gestão a hipótese de obstruir investigação na universidade, que está submetida a uma série de controles da Controladoria-Geral da União (CGU), da Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério Público, Conselho de Curadores, Conselho Universitário e uma série de outros órgãos”, disse.

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Ele negou também que tivesse conhecimento de qualquer irregularidade. “Em um programa como esse da UAB, que vem sendo executado há mais de oito anos, sendo considerado excelência em ensino pela Capes, não haveria como a administração central obstruir qualquer investigação. Na atual gestão, procuramos sempre manter um clima de diálogo, de harmonia, reduzir as tensões, de desarmar os espíritos, de defesa da legalidade”, afirmou.

Pesar

O Beiramar Shopping emitiu uma nota sobre a morte do reitor.  “É com pesar que o Beiramar Shopping confirma a ocorrência de uma morte na manhã desta segunda-feira, dia 2 de outubro. Segundo boletim divulgado pela Polícia Militar, confirma-se a identidade da vítima, sendo o reitor da UFSC, Luis Carlos Cancellier.”

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