Os acionistas controladores da JBS — a FB Participações e o Banco Original — promoveram uma venda milionária de ações da companhia em maio, antes de o conteúdo das delações premiadas de Joesley Batista e do executivo Ricardo Saud vir a público.
O montante negociado chegou a R$ 155,288 milhões e envolveu cerca de 18,6 milhões de papéis. As vendas ocorreram nos dias 16, 17, 22, 29, 30 e 31 de maio, por intermédio da corretora Bradesco. Já os vídeos com o teor das delações circularam a partir de 19 de maio.
A JBS envolveu-se em um episódio semelhante no mercado cambial. Foi acusada de lucrar milhões de dólares nas horas subsequentes ao surgimento das primeiras informações sobre o encontro entre o presidente Michel Temer e Joesley Batista no Palácio do Jaburu. Nas semanas anteriores, a JBS havia usado cerca de 1 bilhão de reais para adquirir dólares. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula o mercado de capitais, abriu investigação sobre o caso.
Na última sexta-feira (9), foi a vez de a Polícia Federal deflagrou uma nova etapa das investigações que envolvem a JBS. O novo inquérito foi aberto por requisição do procurador-geral Rodrigo Janot para apurar ganhos extraordinários dos irmãos Joesley e Wesley Batista a partir de informações privilegiadas.
Ações
O histórico de vendas de ações da JBS indica que no dia 16 foram vendidas 984.900 ações, ao preço de R$ 10,11. Nesse pregão, o papel recuou 8,62%, a R$ 9,86. No dia seguinte, os controladores se desfizeram de 3.635.000 ações, ao preço de R$ 9,66. A desvalorização ao fim do pregão foi de 3,65%, a R$ 9,75. Mais tarde, nesse mesmo dia, notícias sobre a delação de Joesley e Wesley Batista vieram à tona, depois que a bolsa de valores fechou.
Já em 22 de maio, foram vendidas 682.600 ações, à cotação de R$ 7,81. O declínio do papel nesse pregão foi de 31,34%, a R$ 5,98. Em 29 de maio, eles venderam 7.004.100 ações, ao preço de R$ 7,86. O papel encerrou a sessão com queda leve de 0,13%, a R$ 7,70. Em 30 de maio, foram vendidas 2.220.000 ações, à cotação de R$ 7,64. O papel caiu 3,90%, a R$ 7,4.
Por fim, em 31 de maio, os controladores se desfizeram de 4.109.100 ações, à cotação de R$ 8, sendo que o papel subiu 9,05%, a R$ 8,07.
Procurada, a JBS informou que “todas as operações de compra e venda de moedas, ações e títulos realizadas pela J&F, suas subsidiárias e seus controladores seguem as leis que regulamentam tais transações”.
(Com Estadão Conteúdo)