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Em carta, Joesley Batista pede desculpas: ‘O Brasil mudou’

Em carta, dono da JBS afirma que se colocou à disposição da Justiça brasileira para 'expor, com clareza, a corrupção das estruturas do Estado brasileiro'

Por Da redação
Atualizado em 18 Maio 2017, 21h56 - Publicado em 18 Maio 2017, 20h45
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  • O dono do grupo JBS, Joesley Bastista, enviou uma carta na noite desta quinta-feira pedindo desculpas “a todos os brasileiros” e reconhecendo os erros ao “interagir em diversos momentos com o poder público brasileiro”. Os executivos da maior produtora de proteína animal do mundo decidiram fechar um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República após a holding entrar na mira de pelo menos cinco operações policiais — Greenfield, Sépsis, Cui Bono, Bullish e Carne Fraca. No âmbito da colaboração, que já foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sete empresários, incluindo Joesley, gravaram diálogos embaraçosos com o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), entre outros.

    “O Brasil mudou, e nós mudamos com ele. Por isso estamos indo além do pedido de desculpas”, diz a carta assinada por Joesley. No texto, o empresário afirma que a JBS foi “levada” a pagar propina para agentes públicos devido ao “espírito empreendedor e a imensa vontade de realizar”. Ele prossegue dizendo que assumiu um compromisso público de ser “intolerante e intransigente com a corrupção” e que está disposto a “expor com clareza” o sistema corrupto do Estado brasileiro.

    “Ainda que nós possamos ter explicações para o que fizemos, não temos justificativas. Em outros países fora do Brasil, fomos capazes de expandir nossos negócios sem transgredir valores éticos”, escreveu o empresário.

    A JBS emprega mais de 270.000 funcionários no mundo, tem unidades em mais de 20 países e controla as marcas Friboi, Seara, Swift, Pilgrim’s, entre outras, segundo informações da própria empresa. O clã Batista, que controla a holding, já apareceu na lista das famílias mais ricas do Brasil e o conglomerado é um dos maiores financiadores de campanhas políticas no país.

    Confira a carta na integra:

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    Erramos e pedimos desculpas.

    Não honramos nossos valores quando tivemos que interagir, em diversos momentos, com o Poder Público brasileiro. E não nos orgulhamos disso.

    Nosso espírito empreendedor e a imensa vontade de realizar, ​quando deparados com um sistema brasileiro que muitas vezes cria dificuldades para vender facilidades, nos levaram a optar por pagamentos indevidos a agentes públicos.

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    Ainda que nós possamos ter explicações para o que fizemos, não temos justificativas.

    Em outros países fora do Brasil, fomos capazes de expandir nossos negócios sem transgredir valores éticos.

    Assim construímos um grupo empresarial gerador de mais de 270 mil empregos diretos, com times extraordinários e competentes, que operam 300 fábricas em cinco continentes e oferecem mundialmente produtos de qualidade.

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    O Brasil mudou, e nós mudamos com ele. Por isso estamos indo além do pedido de desculpas. Assumimos aqui um Compromisso Público de sermos intolerantes e intransigentes com a corrupção.

    Assinamos acordos com o Ministério Público. Concordamos em participar de alguns dos mais incisivos mecanismos de investigação existentes e nos colocamos à disposição da Justiça para expor, com clareza, a corrupção das estruturas do Estado brasileiro. Pedimos desculpas a todos os brasileiros e a todos que decepcionamos, que acreditam e torcem por nós. Enfrentaremos esse difícil momento com humildade e o superaremos acordando cedo e trabalhando muito.

    Joesley Batista

    J&F Investimentos

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