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Jovem torturado por seguranças em supermercado vive na rua há cinco anos

Viciado em drogas desde a morte do pai e longe da família, garoto de 17 anos foi amordaçado e chicoteado por 40 minutos ao ser detido por suspeita de furto

Por Mariana Zylberkan
Atualizado em 6 set 2019, 09h28 - Publicado em 4 set 2019, 14h56
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  • O adolescente de 17 anos que aparece em vídeo sendo espancado por seguranças de um supermercado na zona sul de São Paulo após ter sido detido por suspeita de furto vive nas ruas desde os 12 anos, quando perdeu o pai e desenvolveu o vício em drogas. Caçula de uma família de sete irmãos, o jovem frequentava uma favela próxima ao estabelecimento comercial e costumava receber ajudas esporádicas dos parentes, que vivem na mesma região da cidade.

    Sua presença no supermercado da rede Ricoy era constante. Em uma dessas visitas, no mês passado, em data que ele não sabe especificar, foi abordado por seguranças quando tentou sair do local com uma barra de chocolate.

    Um dos seguranças, Valdir Bispo dos Santos, 49, que já o conhecia, o abordou e constatou a tentativa de furto. O funcionário pediu ajuda ao colega, o segurança Davi de Oliveira Fernandes, 37, e, juntos, levaram o menino até uma sala nos fundos do supermercado, onde ele foi obrigado a tirar parte da roupa e a abaixar a calça.

    A dupla, então, usou fios elétricos trançados para improvisar um chicote e espancá-lo. Uma bola de papel foi colocada na boca do menino para que ele aguentasse a sessão de tortura sem alarmar os demais clientes. O espancamento se prolongou por cerca de 40 minutos, segundo depoimento do menino aos policiais do 80º Distrito Policial (Vila Joaniza), onde o caso foi registrado.

    A prisão preventiva dos seguranças foi pedida pelo delegado na terça-feira 3. Eles devem ser ouvidos ainda nesta quarta-feira. Se condenados, podem responder pelo crime de tortura, que prevê pena de dois a oito anos de prisão. “Existem indícios contundentes de crime de tortura praticado pelos seguranças”, diz o advogado Ariel de Castro Alves, membro do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), ligado à Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania.

    Até a tarde desta quarta, a vítima de espancamento ainda não tinha recebido a visita da mãe, que é alcoólatra e com quem não convive há mais de cinco anos. Aos outros filhos ela disse estar muito abalada com a situação.

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