Jungmann: Poderosos têm mais meios de resistir à apuração do caso Marielle
Segundo o ministro, há pistas que apontam para disputas políticas envolvendo o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro; políticos do MDB são investigados
O ministro da Segurança Pública, Raul Junggman, disse nesta sexta-feira, 10, que poderosos têm maiores possibilidades de resistir à investigação do assassinato, no dia 14 de março, da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. De acordo com ele, os que detêm o poder dispõem de “capacidade de resiliência e uma capacidade de mobilizar defesas ou mobilizar meios de resistir”.
Na terça-feira, Jungmann afirmara que agentes de Estado, inclusive políticos, estavam envolvidos no crime. Nesta sexta-feira, ele declarou que os homicídios serão esclarecidos e que nada impede o trabalho da polícia e dos responsáveis pela intervenção na área de segurança do Rio de Janeiro. De acordo com ele, há pistas que apontam para disputas políticas e por ocupação de cargos.
Ontem, VEJA revelou que uma linha de investigação da polícia do Rio indica o envolvimento de deputados estaduais do MDB-RJ nas mortes. Em entrevista, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) cobrou mais empenho na apuração da ligação do crime com os parlamentares – Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi. Todos estão presos, acusados de corrupção. Em notas, eles negaram qualquer ligação com os assassinatos e criticaram as declarações do deputado do PSOL.
Marielle teria sido morta como retaliação a uma sentença judicial em ação proposta por Freixo que impediu a ida de Albertassi para o Tribunal de Contas do Estado. Três dias depois da decisão da Justiça, ele foi preso por determinação do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2). Caso tivesse assumido o cargo de conselheiro do TCE, o deputado passaria a ter o direito de ser processado apenas no Superior Tribunal de Justiça, o que beneficiaria também outros denunciados no processo, como Picciani e Melo.
Na entrevista, Freixo afirmou que Marielle foi morta “pela política do Rio de Janeiro”. A seguir, trechos da entrevista: