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Mancha de petróleo atinge 105 praias no Nordeste e se aproxima do Norte

A causa é indefinida até o momento e o poluente pode causar um desastre ambiental — seis tartarugas marinhas foram encontradas mortas

Por Estadão Conteúdo 27 set 2019, 09h45
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  • Uma mancha de petróleo cru de um tipo que não é produzido no Brasil já atingiu mais de dois mil quilômetros do litoral do Nordeste. As manchas do óleo despejado no mar atingiram 105 praias de 48 municípios em oito estados e se aproximavam do Pará, no Norte do país, na tarde desta quinta-feira, 26. O poluente causa um desastre ambiente de consequências ainda não avaliadas e a causa é indefinida até o momento.

    A coordenadora de Emergências Ambientais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fernanda Pirillo, afirmou tratar-se de um acidente sem precedente no Brasil, por causa da grande extensão. Com base em uma análise da Petrobras do composto, o Ibama chegou a conclusão de que ele não é fabricado no Brasil.

    Constatou-se até o momento a morte de seis tartarugas-marinhas e uma ave, mas a fauna atingida pode ser maior. Segundo a bióloga Liana Queiroz, do Instituto Verde Luz, um boto foi achado morto na Praia de Iracema, em Fortaleza, e muitas tartarugas com vestígios de óleo acabaram devolvidas ao mar. Liana citou a hipótese de que o óleo seja proveniente de depósitos de petróleo cru atingidos pelo furacão Dorian nas Bahamas.

    O professor Marcus Silva da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) acredita que o óleo seja de lavagem de tanques de navios no oceano, distante da costa. “Nesta época, o vento flui do sudeste para noroeste e pode estar empurrando as manchas do mar para a terra. Acho muito improvável que o óleo tenha vindo das Bahamas, pois o padrão de circulação dos ventos não favorece esse deslocamento”.

    Além disso, dois barris de óleo foram encontrados na costa sergipana, o primeiro em uma praia no município da Barra dos Coqueiros, litoral norte, e o outro na Praia Formosa, na zona sul da capital. Uma força-tarefa com equipes de meio ambiente locais, Ibama e Marinha monitoram a costa. O barril encontrado na barra estava aberto e a suspeita inicial é de que não tenha sido trazido pelo mar, mas sim colocado ali.

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    A Petrobras descartou a hipótese de a substância ter sido produzida ou comercializada pela companhia, mas afirmou que está cooperando para a limpeza das praias. Se o responsável por qualquer despejo for identificado, mesmo que seja estrangeiro, poderá ser multado em até 50 milhões de reais, com base na Lei 9.605/1988, que pune condutas lesivas ao meio ambiente. Terá, ainda, de responder pelo crime ambiental.

    As primeiras manchas foram identificadas no começo do mês de setembro e continuam sob investigação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Conforme o Ibama, a substância se trata de hidrocarboneto. O órgão está recolhendo amostras, assim como a Marinha. Após sobrevoo pelo litoral por cinco horas nesta quinta, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Ceará informou que não identificou mais manchas de óleo em uma faixa de até 12 quilômetros da costa. Mas os registros na área do Maranhão aumentaram.

    O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema) informou que a coleta do produto deve ser feita com ferramentas específicas para evitar contato com banhistas. A medida é “preventiva contra irritações e processos alérgicos”, especialmente na superfície da mão, nos olhos e na boca. Conforme o Ibama, até esta quinta não havia evidências de contaminação de peixes e crustáceos, mas a orientação é para que a qualidade do pescado capturado nas áreas afetadas para fins de consumo humano seja avaliada pela Vigilância Sanitária.

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