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Máquina de tramoias

Condenado a mais de meio século de prisão, Marcos Valério, que conseguiu o prodígio de ser operador do PT e do PSDB, enfim fecha acordo de delação

Por Da redação
Atualizado em 22 jul 2017, 16h53 - Publicado em 22 jul 2017, 16h48
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  • O publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, de 56 anos, já ameaçou contar o que sabe umas 300 vezes. Nunca deu certo, fosse porque não tinha o que contar, não contava tudo o que sabia ou não oferecia provas do que dizia.

    Na semana passada, Marcos Valério, que está preso desde 2013, cumprindo pena por corrupção, lavagem de dinheiro, peculato, evasão de divisas e formação de quadrilha, conseguiu finalmente fechar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Pela sua biografia, tem potencial para incriminar meio mundo.

    O publicitário tornou-se nacionalmente conhecido por sua participação no mensalão do PT, esquema para o qual levou sus experiência de ter sido figura central no chamado mensalão tucano, em Minas Gerais.

    Segundo o jornal Folha de São Paulo, a delação de Marcos Valério já possui 60 anexos que foram escritos à mão por ele e digitalizados por policiais.

    A publicação sustenta que ele cita dois ex-presidentes, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva; e os senadores tucanos Aécio Neves e José Serra. Essa delação já tinha sido rejeitada pelo Ministério Público Federal, em Minas, mas a PF continuou investigando os crimes relatados pelo publicitário e coletando indícios para tentar homologar o acordo. Marcos Valério já assinou o acordo, a PF já enviou para o STF e agora aguarda pela homologação.

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    Em abril passado, VEJA teve acesso aos capítulos da proposta anterior de declaração premiada encaminhada ao MPF. Entre os temas estava um plano do PT para subornar o então ministro Joaquim Barbosa, que exercia a função de relator do mensalão no Superior Tribunal Federal (STF); informações sobre o caixa dois de petistas e tucanos e até mesmo o nome dos mandates do assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel.

    Os procuradores, porém, não aceitaram a proposta de delação. Valério queixava-se de que havia uma operação destinada a evitar que ele rompesse o silêncio.

    Diante da recusa do Ministério Público, os advogados do operador do mensalão então negociaram os termos de uma delação com a Polícia Federal. É esse acordo que acaba de ser selado.

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    Com base no conteúdo de depoimentos anteriores que ele prestou à Justiça, sabe-se que ele tem informações sobre o escândalo da Petrobras, detalhes inéditos do mensalão do PT e de um suposto esquema de propina que envolve Aécio Neves. Se ele vai falar com propriedade, só o tempo dirá.

     

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