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Marcelo Odebrecht diz que propina foi de até R$ 2 bilhões ao ano

O executivo-delator afirmou que a empreiteira destinava entre 0,5% e 2% do seu faturamento anual para ilícitos, e que o processo durou pelo menos vinte anos

Por Da redação
14 abr 2017, 21h27

O empresário e herdeiro do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, disse que a empreiteira chegou a destinar até 2 bilhões de reais em um ano para o pagamento de propinas e caixa dois. A informação foi dada pelo executivo, durante um dos depoimentos de delação premiada na Operação Lava Jato.

Marcelo diz que não tinha conhecimento específico das operações, mas sabia do volume que era movimentado pelo departamento responsável por fazer pagamentos ilícitos, conhecido como “Departamento de Operações Estruturadas”. “Eu sabia, a alta cúpula sabia, que a gente sempre movimentou, ao longo dos anos, [um valor que] variava de 0,5% a 2% do faturamento do Grupo [Odebrecht]. Nós estamos falando de um grupo que já chegou a faturar 100 bilhões de reais”, explicou.

O executivo diz que a proporção destinada variava de ano para ano de acordo com a necessidade, e que a prática durou pelo menos duas décadas. “[Essa proporção do faturamento], historicamente, e estamos falando de 20, 30 anos, transitava por caixa dois, por necessidades diversas.”

De acordo com o relato de Odebrecht, ele não sabia, porém, da existência de um sistema destinado a controlar os pagamentos ilícitos, e o descobriu depois que estava preso. O empresário afirma que não tinha conhecimento detalhado dos pagamentos porque os diretores da empresa tinham autonomia para fazer operações envolvendo grandes quantias de dinheiro.

Autonomia

Um diretor de contrato poderia fazer uma proposta de 3 bilhões de dólares  que poderia gerar um prejuízo de 500 milhões de dólares sem buscar autorização de ninguém da empresa. Uma pessoa que tem delegação para perder 500 milhões de dólares pode da mesma forma usar outros 50 milhões de dólares em operações estruturadas”, compara. 

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O executivo considera que esse sistema descentralizado impediu que ele ou outra pessoa tivesse a noção “do todo” que se fazia ilegalmente. “Era essa confusão toda”, resumiu. Segundo ele, essa descentralização de comando fez com que a empresa “paralisasse” depois que foi preso, pois não conseguia tomar decisões “nem para o bem, nem para o mal”.

Marcelo Odebrecht afirma que determinou que as propinas fossem cessadas em 2014, por causa do início da Operação Lava Jato. Ele diz que tomou a decisão para que as investigações não expusessem os pagamentos legítimos, que poderiam estar misturados aos ilegítimos. Segundo Marcelo, ele determinou que diretores, que andavam tensos e com medo de serem grampeados ou presos, saíssem do país para ter tranquilidade.

 

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