Ministério pede reforço da Força Nacional após ataques a aldeia no Paraná
Entre feridos está uma criança de 4 anos; povo Avá-Guarani teve a terceira noite seguida de ataques nesta sexta-feira, 3

Quatro indígenas do povo Avá-Guarani, da terra indígena Tekoha Guasu Guavirá, no Paraná, incluindo uma criança de quatro anos, foram atingidos por tiros em mais um ataque na região na noite dessa sexta-feira, 3. Foi a terceira noite seguida de ataques à comunidade, que já deixaram ao menos seis pessoas feridas, de acordo com uma denúncia conjunta divulgada neste sábado, 4, por grupos do movimento indígena.
A criança foi atingida na perna e um jovem foi alvejado nas costas, enquanto os outros dois adultos foram feridos na perna e no maxilar, informou a nota assinada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e outras entidades. O território fica na região do município de Guaíra, onde o Paraná faz divisa com o Paraguai e o estado do Mato Grosso do Sul, e é marcado por conflitos e invasões desde pelo menos os anos de 1980.
A Polícia Federal informou que está investigando os ataques e que enviou forças ao local para evitar novas ofensivas. Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) condenou os atos violentos e informou que, em ação conjunta ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP), pediu reforço da Força Nacional para proteção da região.

“A presença da Força Nacional no território acontece em articulação com os órgãos de segurança pública do Paraná e atende ao pedido do MPI ao MJSP para evitar atos de violência contra os indígenas, mobilizados pela garantia de seus direitos territoriais”, disse a pasta. “O MPI acompanha a situação junto aos indígenas por meio do seu Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas e está em diálogo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública para a investigação imediata dos grupos armados que atuam na região.”
As Forças Nacionais já haviam sido convocadas pelo governo para atuar na região em novembro, por 90 dias (até 20 de fevereiro de 2025), após uma série anterior de ataques ocorridos entre julho e setembro. A decisão foi determinada por uma portaria de 21 de novembro do Ministério da Justiça (Portaria 812/2024). O que o Ministério dos Povos Indígenas pede agora é que as equipes enviadas à região sejam ampliadas.
De acordo com a Polícia Federal, os disparos aconteceram por volta das 21h da sexta-feira, e os quatro indígenas feridos foram encaminhados ao hospital. “Forças de segurança pública federais, estaduais e municipais estiveram no local a fim de evitar a ocorrência de novos episódios de violência”, disse a PF em nota. “A Polícia Federal iniciou investigações para apurar a autoria e responsabilidade criminal dos envolvidos e, nesta manhã, (04/01/2025), Peritos Criminais Federais realizaram perícia no local do conflito.”
De acordo com as entidades indígenas, o território dos Avá-Guarani vem sofrendo atentados todas as noites desde as vésperas do feriado de Ano Novo. “Neste período, todas as noites, homens armados invadiram a comunidade, queimaram barracos, dispararam com pistolas, espingardas e rifles e lançaram bombas contra os indígenas”, disseram em seu comunicado as entidades, que também divulgaram imagens dos indígenas feridos. “Várias pessoas ficaram feridas, inclusive crianças, vítimas do tiroteio. Muitas delas buscaram socorro em hospitais, onde acabaram sendo mal atendidas. Aqueles que foram feridos por armas de fogo continuam com as balas nos corpos.”