Um novo protesto exigindo a saída do presidente Michel Temer e a realização de eleições diretas na escolha de seu sucessor tomou conta das ruas do Rio de Janeiro neste domingo. Ao contrário das últimas manifestações, que tomaram o centro da cidade e foram marcados por episódios de violência, desta vez o palco do evento foi a praia de Copacabana, na zona sul, onde um trio elétrico acolheu artistas globais, blocos de rua e músicos do calibre de Caetano Veloso e Milton Nascimento.
Entre gritos de “Fora Temer” e “Diretas Já”, o clima na orla, na altura da estação Siqueira Campos, era de Carnaval. Atrás do trio elétrico, onde os artistas se concentravam para acessar o palco, manifestantes disputavam espaço para uma “selfie” com os ídolos. Entre os globais presentes estavam as atrizes Sophie Charlotte e Maria Casadevall, os atores Oscar Prado, Daniel Oliveira e Humberto Carrão, além do humorista Gregório Duvivier. De todos, o mais assediado pelo público foi o ator Wagner Moura, estrela de “Tropa de Elite” e da série “Narcos”.
Moura comandou as apresentações artísticas no palco e discursou afirmando que, embora seja previsto por lei, “é ilegítimo e imoral que um congresso com 200 deputados investigados escolha o novo presidente”. O ponto alto do dia foi a apresentação de Caetano Veloso e Milton Nascimento, que dividiram o palco com Maria Gadu e Criolo, puxando gritos de “fora Temer”, já nas últimas horas do evento. Ao longo do dia, também passaram pelo palco a cantora Mart’nália e o tradicional bloco Cordão do Bola Preta.
Vários políticos compareceram à manifestação e também foram requisitados para fotos com manifestantes. Estavam presentes os deputados Marcelo Freixo (PSOL), Alessandro Molon (REDE), Flávio Serafini (PSOL), o ex-prefeito de Maricá Washington Quaquá e o senador Lindbergh Farias. “A ideia é deixar claro o pedido pelas eleições diretas, para que o povo esteja ciente das nossas reinvindicações e possamos unir diferentes bandeiras por uma mesma causa”, explicou o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que estava à frente do protesto.
O evento, organizado pelos movimentos Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo, começou às 11h e se estendeu até o fim do dia. A polícia não divulgou números oficiais, mas os responsáveis pelo protesto esperavam cerca de 50 mil pessoas. Apesar do discurso suprapartidário da organização e da pretensão de unir “direita e esquerda”, declarada pelos líderes que subiam ao palanque, via-se principalmente bandeiras ligadas à movimentos sociais como a CUT, a CDN e o MST, e siglas como PC do B e PSOL.