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Múmias destruídas no Museu foram mal recebidas pelos cariocas

Consideradas um dos acervos mais valiosos do Museu Nacional, as múmias egípcias foram chamadas de “nojentas” pelos primeiros visitantes

Por Maria Clara Vieira
8 set 2018, 08h25

Dentre os quase 20 milhões de itens destruídos pelo fogo que consumiu o Museu Nacional no último domingo, as múmias egípcias arrematadas pelo próprio Dom Pedro I estavam entre os que despertavam maior curiosidade de visitantes e pesquisadores. O que pouca gente sabe é que foram necessários alguns séculos para que a coleção – considerada a maior da América Latina – caísse nas graças dos cariocas.

Instalada em julho de 1826 no andar térreo do Museu Real – primeiro nome da instituição fundada por d. João VI – a exposição não impressionou todo o público que compareceu ao Campo de Santana, no Centro do Rio, onde funcionava o museu. Uma carta publicada pelo jornal Ástrea no dia 19 de setembro daquele ano afirmava que o local parecia ter se transformado “(…) nas antigas catacumbas dos Terceiros de S. Francisco, onde se mostravam pedaços de corpos mirrados”.

O crítico também disparou contra os animais mumificados que completavam o acervo: “Também aí se falou em gatos do Egito: por mais que acanhasse as pupilas dos olhos não vi o que era, apenas umas capas, e uns embrulhos nojentos”.

A crítica não impediu que Dom Pedro I comprasse a coleção em abril de 1827. Conta-se que o primeiro imperador do Brasil teria sido influenciado por seu ex-ministro e futuro tutor de d. Pedro II, José Bonifácio de Andrada e Silva.

Prestes a lançar a biografia do segundo monarca, na qual narra o processo de criação do museu, o historiador Paulo Rezutti discorda: “Nessa época, os dois estavam de relações rompidas e Bonifácio se encontrava exilado na Europa. Se alguém pode ter influenciado a compra, provavelmente essa pessoa foi d. Leopoldina, estudiosa de ciências naturais e ávida por conhecimento”, explica.

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