Paulo Borges, criador e diretor criativo da São Paulo Fashion Week, respondeu na noite desta segunda-feira, 29, às críticas recebidas pela semana de moda ter continuado após a morte do modelo Tales Cotta, que sofreu um mal súbito durante um desfile.
O pronunciamento ocorreu no Instagram dois dias depois da tragédia: “Vivemos algo inimaginável. Não existe manual para lidar com uma situação tão trágica como essa. Primeiro, no momento em que teve mal súbito e foi prontamente atendido pela equipe de socorristas e encaminhado ao hospital, ninguém contava com a tragédia. Todos estavam ali realizando sonhos de trabalho de meses. O desfile aconteceu porque o incidente, até então não fatal, já estava atendido”, disse Borges.
Com lágrimas nos olhos, Paulo Borges disse não desejar a ninguém ali estar vivendo uma energia tão inexplicável. “Não tem como achar a melhor solução, existe uma solução possível que um ser humano pode tomar. Todos ali, absolutamente humanos, humanizados, impactados, assim como eu. Se existisse alguém que pudesse parar tudo seria eu mesmo. Fiz da maneira que fiz porque sou humano como todos, impactado com toda a emoção e com tudo o que decorria disso.”
Borges explicou ainda que todos os envolvidos nos desfiles estavam ali para realizar um sonho de trabalho e que isso foi levado em consideração na hora de decidir se continuaria com os desfiles ou não. “O óbito ocorreu às 18h40 e, às 18h50, fomos informados. Mas os desfiles [das marcas Oksa e Flávia Aranha] já haviam acontecido. Nesse momento, em que formos informados, entendi que todos presentes deveriam ser comunicados. Estou na moda por causa das pessoas, não pelas roupas”.
Ele ressaltou ainda que manteve contato com Heloisa Cotta, mãe do modelo, a quem também expressou sua solidariedade. “Quero aqui deixar meus sentimentos, a dor, a tristeza, o respeito e dizer que meu pensamento sempre está ligado nas pessoas, no que são, no que significam e no futuro”
Tales Cotta participava de sua segunda edição de São Paulo Fashion Week. Tales caiu na passarela durante o desfile da marca Ocksa, foi atendido por socorristas e levado ao hospital, mas não resistiu. O boletim de ocorrência não identificou uma causa aparente para o óbito. No documento, a Polícia Civil diz que o jovem teve uma “morte súbita sem causa determinante aparente” e registra o caso como uma “morte suspeita a esclarecer”.
Natural de Manhuaçu, município no interior de Minas Gerais, a 290 quilômetros de Belo Horizonte, Cotta, cujo verdadeiro nome era Tales Soares, começou a trabalhar com a Base MGT, agência de modelos e atores de São Paulo, em setembro de 2018. No site da agência, ele é descrito como um modelo de “olhos verdes e cabelo platinado”. O jovem informava em seu Instagram que era vegetariano.