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Narcos: megatraficante brasileiro é fuzilado no Paraguai

Jorge Rafaat Toumani, o "Rei da Fronteira", morreu em um tiroteio na noite de ontem, emboscado no centro da cidade de Pedro Juan Caballero

Por Felipe Frazão 16 jun 2016, 20h26

O megatraficante brasileiro Jorge Rafaat Toumani, o “Rei da Fronteira”, morreu fuzilado em um tiroteio na noite desta quarta-feira, emboscado no centro de Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia onde vivia como suposto empresário de segurança privada, na fronteira com Ponta Porã (MS). A família sepultou o corpo nesta quinta-feira em solo brasileiro, no cemitério local da cidade sul-mato-grossense. A segurança foi reforçada na cidade e as polícias Civil e Militar estão em alerta.

O bando motorizado que o atacou usou armamento de guerra e artilharia anti-aérea: fuzis e uma metralhadora Browning M2 .50, escondida dentro de uma caminhonete para parar o jipe Hammer preto blindado do narcotraficante Rafaat. O que se seguiu foi uma intensa troca de tiros entre quadrilhas por toda a cidade. A Polícia Nacional do Paraguai também interveio e trocou tiros com os bandidos. Sete suspeitos foram presos. Um brasileiro suspeito de ter feito os disparos contra Rafaat está internado em uma clínica privada em Assunção, capital do Paraguai.

Eram cerca de 18h45 quando Rafaat foi emboscado em uma cena de proporções cinematográficas nas principais ruas de Pedro Juan Caballero, como a Avenida Teniente Herrero. Ele não teve tempo de reagir. Seus guarda-costas estavam em outras picapes e perseguiram os rivais por algumas quadras. “Avisem a polícia, tem um tiroteio imenso acontecendo agora perto da Igreja San Gerardo, tem muita gente aqui”, pediu socorro um homem conforme áudio no Whatsapp.

Conforme o jornal paraguaio ABC Color, Rafaat recebeu dezesseis tiros disparados por um bando de pistoleiros e seus capangas conseguiram revidar. Ele morreu na hora, sentado ao volante da Hammer. Um vídeo capturado por câmeras de segurança e divulgado pela imprensa paraguaia mostra parte do confronto no trânsito. Uma Toyota de cor clara passa à frente do comboio que protegia a Hammer de Rafaat e inicia os disparos de .50 logo após o cruzamento, enquanto as pick-ups de seguranças dele ficaram paradas. Em seguida, os homens do traficante descem armados com fuzis, disparam algumas vezes e correm. Mas o carro do chefe já estava fuzilado adiante.

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Segundo a imprensa paraguaia, ele já havia sido alvo te um atentado anterior da facção brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC), também agora suspeito do ataque fatal. Rafaat teria assumido nos anos 2000 rotas do tráfico antes operado pelo então maior traficante do país, Fernandinho Beira-Mar. Ele já era alvo da Justiça brasileira em ao menos cinco ações penais crimes como tráfico internacional, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

A morte levou terror à região de fronteira e despertou a atenção das forças policiais paraguaias e brasileiras. A Força Nacional havia sido enviada à região. A Polícia Federal também está em alerta e o investigava há mais de dez anos. Lojas de pneus que seriam de propriedade de Rafaat foram incendiadas. Ele vivia supostamente como empresário de segurança privada na região.

Ele o irmão Jospeh Rafaat foram condenados em 2014 pelo juiz Odilon de Oliveira da Justiça Federal em Campo Grande (MS). Eram donos da Fazenda São Rafael, na qual funcionava um laboratório de produção refino da pasta base de cocaína bruta. E também estavam envolvidos em duas remessas milionárias de drogas para o Brasil, uma de 488 quilos e outra de 492 quilos de cocaína. Jorge Rafaat pegou 47 anos de prisão ao todo e multa de 403.800 reais. O irmão, a 15 anos de prisão e multa de 83.200 reais. Ambos ainda recorriam da condenação.

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Na ocasião, o juiz confiscou sete aviões, dezenas de veículos de luxo, reboques e caminhonetes, uma lancha, ao menos seis fazendas e outros seis imóveis residenciais dele no Brasil e no Paraguai. Rafaat já havia sido preso antes e controlava rotas para atravessar maconha e cocaína para o Brasil e enviar para entrepostos no interior do país.

Rafaat era conhecido na região como “Patrão”, “Seu Jorge” e “Turco”. Ele também respondia a ação penal por crime contra o sistema financeiro nacional, por operar uma casa de cambio clandestina. A sede ficava no lado paraguaio, mas ele operava transações internacionais a partir de Ponta Porã e usava uma linha telefônica brasileira, conforme a denúncia do GAECO do Mato Grosso do Sul. Para o Ministério Público, ele era dono da casa de cambio Western Union DHL. Para a defesa, não. Rafaat era violento ao cobrar os créditos dos clientes e chegou a praticar torturas, segundo os investigadores.

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