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Netanyahu acusa Irã de continuar programa de armas atômicas

Primeiro-ministro israelense diz ter reunido um "arquivo atômico" com mais de 110 mil provas da retomada do programa por Teerã

Por Denise Chrispim Marin 30 abr 2018, 17h09

O primeiro-ministro de IsraelBenyamin Netanyahu, declarou hoje (30) ter em suas mãos mais de 55 mil páginas de evidências e outros 55 mil arquivos com provas de que o Irã mantém um arsenal de materiais necessários para construir armas nucleares, conforme publicou a rede de televisão BBC. Em 2015, o Irã firmou um acordo com seis potências no qual se comprometeu a manter apenas seu programa nuclear civil.

Netanyahu fez sua exposição em inglês sobre os “arquivos atômicos” do Irã da sede do Ministério da Defesa de Israel, em Tel Aviv. Sua denúncia foi televisionada. O material, informou ele, foi obtido pela inteligência israelense em um depósito secreto em Teerã e reunida em 183 CDs. Comprovaria, em sua versão, a permanência do “Projeto Amad”.

Por meio do Twitter, o ministro das Relações Exteriores do Irã,  Javad Zarif, acusou Netanyahu de “enganar as pessoas” e de parecer a um “menino que não para de chorar”. Também avisou que, se Washington denunciar o acordo, seu governo não estará disposto a manter seus compromissos de 2015. As consequências, acrescentou ele, “não serão agradáveis para os Estados Unidos“.

A denúncia do líder israelense chega no momento de insistente dúvida dos Estados Unidos sobre os termos do acordo de 1995 e o real comprometimento de Teerã com o fim do seu programa nuclear militar.

Donald Trump, presidente americano, pressiona os líderes europeus a reabrir as negociações do acordo e ameaça Teerã com a imposição de sanções econômicas a partir de 12 de maio. O tema fez parte de suas conversas, na semana passada, com o presidente da França, Emmanuel Macron, e com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel.

“Eu disse que isso estava acontecendo. Eles (os iranianos) não estão de braços cruzados”, disse Trump hoje, na Casa Branca. “Em sete anos, esse acordo vai expirar, e o Irã estará livre para ir adiante e criar armas nucleares. Isso não é aceitável.”

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Segundo Netanyahu, o Projeto Amad tem o objetivo de produzir cinco ogivas nucleares, cada uma com capacidade equivalente à de 10 quilotoneladas de TNT. Valendo-se de uma apresentação em PowerPoint, ele argumentou que o Irã estaria desenvolvendo os elementos essenciais da produção de bombas nucleares e se preparando para testá-las em cinco locais diferentes.

“Aqui está o que os arquivos incluem: documentos incriminadores, conversas incriminadoras, apresentações incriminadoras, plantas incriminadoras, fotos incriminadoras, vídeos incriminadores e mais”, declarou. “Estes arquivos provam definitivamente que o Irã estava audaciosamente mentindo quando disse que nunca teve uma programa de armas nucleares.”

Os arquivos, segundo o primeiro-ministro, serão compartilhados com os Estados Unidos e enviados à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Mas ele conversou antes do anúncio, por telefone, com Trump sobre o tema e sobre as “atividades desestabilizadoras do Irã” no Oriente Médio. No domingo, Netanyahu recebera o novo secretário de Estado americano, Mike Pompeo.

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Segundo o jornal inglês The Guardian, o ex-inspetor chefe da AIEA Olli Heinonen afirmou que já vira o material apresentado por Netanyahu em 2005. “Eu só vi imagens que já tinha visto antes”, disse, acrescentando que havia falado sobre algumas delas para o conselho da AIEA, em reunião fechada.

 

 

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