Nunes e Boulos seguiram caminhos diferentes como empreendedores
Prefeito investiu em negócios de dedetização e agropecuária, e líder dos sem teto abriu empresas na área de ensino particular
Na última terça-feira, o candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSol) admitiu que sua campanha enfrenta dificuldades para dialogar com empreendedores da periferia. Ele afirmou que a população mais pobre enxerga o compromisso da esquerda com a justiça social, mas que os trabalhadores que tentam prosperar por esforço próprio não são sensibilizados por esse discurso. “Nós deixamos de falar com essas pessoas”, disse Boulos à SPTV.
A declaração faz parte de uma estratégia crucial neste segundo turno. Diante da ascensão do candidato Pablo Marçal na eleição em São Paulo, os finalistas na disputa paulistana começaram a dar mais atenção ao tema do empreendedorismo. Agora, as promessas tanto de Boulos quanto do prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, incluem incentivos à abertura de negócios e o estímulo à prosperidade individual.
Nunes e Boulos são dois empreendedores, mas trilharam caminhos diferentes
Ricardo Nunes, que lidera em intenção de votos no segundo turno, declarou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de 4,8 milhões de reais em investimentos e imóveis, declarados à Receita em valores históricos. O prefeito aumentou seu patrimônio com uma editora jornalística e publicitária, criada em 1994, e com uma empresa na área de dedetização e tratamentos sanitários, em 2002. Em 2009, ele entrou numa sociedade de uma empresa que cria gado e produz carvão vegetal em florestas plantadas.
Já Guilherme Boulos declarou ao TSE um patrimônio de 199 mil reais, que inclui a metade de uma casa em Campo Limpo, um veículo Celta modelo 2010, saldo em conta bancária de 816 reais e um investimento em renda fixa de 11,8 mil reais. Boulos abriu duas empresas como “empreendedor individual” para atividades de ensino, conforme registro da Junta Comercial de São Paulo. A primeira foi criada em 2012, em Taboão da Serra, no mesmo endereço residencial do candidato, mas foi dado baixa na Receita em 2018.
Já a segunda foi criada em 2019, no Jardim Campo Limpo, a 600 metros da casa do candidato, e previa aulas, cursos e palestras, mas foi fechada em fevereiro do ano passado por “liquidação voluntária”, segundo a Receita Federal. Mesmo conduzindo seu negócio de aulas particulares, Boulos nunca deixou de lado a militância no MTST. O e-mail corporativo das empresas dele começava com “guilhermemtst”.
Boulos também teve um terceiro CNPJ em seu nome, uma empresa para receber doações na campanha de 2018, que foi inscrita na Dívida Ativa da União com débitos e 46,3 mil reais. Na última quarta-feira, a assessoria do candidato informou a VEJA que o PSol pagou esse débito.