Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

O dilema do PSDB: ficar ou não ao lado de Temer?

Entre idas e vindas, sigla se divide entre cúpula e militância, Câmara e Senado, para decidir se continua ou não apoiando Temer, envolvido na delação da JBS

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 Maio 2017, 22h47 - Publicado em 23 Maio 2017, 22h12

Desde que a bomba da delação da JBS explodiu sobre o colo de Michel Temer (PMDB), o maior partido de sustentação do governo, o PSDB, se encontra diante de um dilema: ficar ou não no mesmo barco do presidente. O partido sabe que, sem o apoio político da base, o peemedebista não estaria sentado na cadeira presidencial. Sabe também que a mesma colaboração que implicou Temer atingiu com mais força o seu presidente nacional (agora licenciado), senador Aécio Neves (PSDB-MG). Diante dos relatos, documentos, vídeos e gravações entregues pelos donos da JBS à Procuradoria-Geral da República, o tucanato decidiu esperar. Esperar para ver se a tempestade, que está sob Brasília desde a semana passada, vai passar como chuva de verão ou resultar em naufrágio.

Ficar em cima do muro, no entanto, significa por hora assumir um lado — no caso, o de Temer. Prova disso ocorreu nesta terça-feira, quando o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) apresentou o relatório final da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa. Foi dado o primeiro passo para a aprovação do texto no colegiado. A apresentação do parecer, uma medida que seria apenas protocolar, trouxe um certo alento a Temer, que tenta impor um ritmo de normalidade no Congresso. A sessão desta terça-fera era considerada como um primeiro teste de fogo para o presidente.

A performance do relator Ricardo Ferraço é um bom exemplo da posição dúbia do PSDB. Na última quinta-feira, ele chegou a anunciar que suspenderia a tramitação das novas regras da lei trabalhista, dizendo que elas eram “secundárias” diante do tamanho da crise institucional. Na manhã desta terça, no entanto, mudou de opinião e afirmou que a Casa não estava em recesso. “O fato de entregar os ministérios não significa dizer que a gente não esteja aqui no Congresso apoiando essas medidas e apoiando essas reformas”, disse. Ele é um dos políticos tucanos que apoiam o desembarque do partido.

Até o início da semana, era consenso entre o tucanato aguardar o posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o inquérito aberto contra Temer pelos crimes de obstrução da Justiça, corrupção passiva e organização criminosa para tomar uma providência — uma das provas no processo é o áudio de uma conversa pouco republicana travada entre o presidente e Joesley Batista. Como a presidente da Corte, a ministra Cármen Lúcia, determinou que a ação só seria julgada em plenário após concluída a perícia da gravação, o que pode demorar até 30 dias, a cúpula, agora, resolveu esperar até o desfecho da ação sobre a cassação da chapa Dilma-Temer, cujo julgamento será retomado no dia 6 de junho no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A relevância do partido se dá principalmente pelo tamanho de sua bancada no Legislativo. É a segunda maior no Senado, com 11 parlamentares, atrás apenas do PMDB; e a terceira maior da Câmara, com 46 parlamentares, perdendo apenas para o PT e novamente o PMDB. Além disso, tem quatro ministérios no governo — Secretaria de Governo, Cidades, Relações Exteriores e Direitos Humanos. 

Continua após a publicidade

Os dois principais tucanos que têm segurado os correligionários no barco do governo são o senador Tasso Jereissati (CE), novo presidente do partido, e o deputado Antonio Imbassahy (BA), ministro da Secretaria de Governo de Temer. Jereissati afirmou ontem que “não se pode jogar o país numa aventura”. “Temos de acompanhar os passos do Supremo e, em seguida, tem a votação no TSE, que talvez seja mais relevante e definitiva”, completou. Outros caciques também têm adotado posição semelhante. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que “seria oportunismo sair correndo” — o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, adotou o mesmo tom e disse que “não seria correto” deixar o governo neste momento.

Apesar da manifestação dos grão-duques, o partido continua sob pressão da militância. Os diretórios do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro já romperam com o presidente. O diretório paulista seguiria o mesmo caminho, mas recuou após as declarações de Alckmin. Além disso, um dos doze pedidos de impeachment protocolados na Câmara contra Temer é justamente de autoria do deputado João Gualberto (PSDB-BA), que junto com outros parlamentares pressiona o partido a entregar os cargos do governo. As divergências entre a cúpula e a base e as bancadas do Senado e da Câmara expuseram ainda mais a divisão interna do partido, que em sua história poucas vezes se mostrou unida.

As lideranças vêm adiando dia após dia as reuniões para discutir o assunto. A reunião desta terça, por exemplo, foi remarcada para quarta. A justificativa apresentada foi a de que Jereissati estaria ocupado com os trabalhos da Comissão de Assuntos Econômicos. Uma coisa, no entanto, é certa: enquanto a sigla não toma nenhuma posição oficial, alguns tucanos já discutem nos bastidores possíveis sucessores de Temer — entre eles o favorito é FHC.

(Com Estadão Conteúdo)

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.