Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

O que esperar da moderna casa de espetáculos que promete virar point no Rio

A inauguração pode ajudar a girar o motor do turismo e revitalizar Copacabana, cartão-postal carioca

Por Sofia Cerqueira Atualizado em 15 out 2024, 22h11 - Publicado em 11 out 2024, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Por décadas a vitrine do Brasil para o mundo, Copacabana, a “princesinha do mar”, viveu envolta em glamour, sobretudo entre os anos de 1930 e 1960. Foi nessa época que o antigo areal onde ficava um pontilhado de casas de veraneio passou a atrair a fina flor do high society e celebridades de Hollywood começaram a afluir para os hotéis e boates daquele ponto da orla, onde brotaram construções emblemáticas. Com o passar dos anos, o bairro e sua orla, até hoje um dos cartões-postais mais conhecidos do país, mergulharam em uma espiral de degradação, violência e abandono. Pois é justamente no coração do tradicional endereço da Zona Sul carioca que agora serão abertas as portas de uma casa de espetáculos com a ambição de se tornar parada obrigatória na rota turística da cidade, às voltas com uma ascendente leva de forasteiros de toda a parte. Um dos trunfos da empreitada, que consumiu dois anos e 65 milhões de reais em investimentos, é alojar-se em um prédio icônico que andava acumulando pó — o antigo Cine Roxy, que já foi o maior do Brasil, uma bela construção em estilo art déco datada de 1938.

    Inspirado nos grandes shows internacionais desenhados para exibir nacos de culturas locais para quem vem de fora, o Roxy Dinner Show (assim batizado por ser um jantar musical, assinado a cada estação por um chef diferente) tem pitadas do Extravaganza, de Las Vegas, do Señor Tango, de Buenos Aires, e do Moulin Rouge, o cabaré parisiense cujos cartazes nos tempos áureos eram de autoria de Toulouse-Lautrec (1864-1901). A promessa é escapar ao máximo dos estereótipos e promover uma viagem pela diversidade brasileira. “Será um pocket show do que foi a abertura da Olimpíada no Rio, mas com mais tecnologia e grandiosidade”, explica o empresário Alexandre Accioly, à frente do empreendimento e também sócio no projeto de revitalização do Jardim de Alah, outro marco carioca.

    VIROU HISTÓRIA - O antigo espaço nos anos 1970: um marco do bairro
    VIROU HISTÓRIA - O antigo espaço nos anos 1970: um marco do bairro (./Divulgação)

    Os números da casa, com inauguração prevista para sexta-feira 18, são superlativos — com 4 400 metros quadrados e 700 lugares sentados, só a cortina que emoldura o palco, acionada por quase cinquenta roldanas, custou 2,5 milhões de reais. No rol de gastos, digamos, mais miúdos, o elegante traje do porteiro plantado à porta para recepcionar o público saiu por 78 000 reais. A preocupação foi instalar um sistema de som “à altura do padrão João Gilberto”, como define o próprio Accioly, referindo-se ao ultraexigente gênio da bossa nova. O interior do edifício, tombado pelo patrimônio municipal, foi revestido com a técnica box in box, na qual materiais isolantes separam a estrutura original da mais nova. As paredes do generoso salão ainda ganharam ripas de madeira, tudo para garantir acústica irrepreensível. “Trabalho há décadas no setor de entretenimento e digo sem medo não haver nada igual no país”, avalia Cicão Chies, da DC set, parceiro no negócio.

    A ambiciosa meta é ajudar a fazer girar a manivela do turismo, que vem se expandindo no Rio: 1,3 milhão de estrangeiros desembarcaram na cidade em 2023, um avanço de 10% em relação a 2019, o ano pré-pandêmico. Entre as décadas de 1970 e 1990, o Rio foi palco de iniciativas semelhantes, voltadas para dar aos que vêm do exterior um sabor local — Plataforma, Scala e o Oba Oba figuravam entre elas. Mas uma diferença substancial afasta os shows do passado da versão atual. Numa época em que o filtro do politicamente correto passava longe da indústria do entretenimento nacional, o que mais se punha em cena eram artistas seminuas, sublinhando uma caricatura da mulher brasileira, em tom preconceituoso. Agora, é exatamente disso que o novo espetáculo quer fugir. “Ao retratar o Brasil, o roteiro leva em conta as discussões de hoje, com um olhar contemporâneo. O elenco contempla variadas origens, cores e gêneros”, esclarece o diretor artístico, Abel Gomes, responsável pela abertura e o encerramento dos Jogos de 2016 e as últimas festas de réveillon na cidade. “Se (Oswaldo) Sargentelli montasse um show de mulatas como havia no Oba Oba, do qual fui sócio por dois anos, seria preso. O mundo agora é outro, tudo mudou”, pondera Accioly.

    Continua após a publicidade
    VOO ALTO - Accioly: viagens para observar o que já deu certo no mundo
    VOO ALTO - Accioly: viagens para observar o que já deu certo no mundo (Daniela Dacorso/.)

    Com uma equipe fixa de mais de uma centena de profissionais, entre bailarinos, cantores, maquiadores e camareiras, o espetáculo, batizado de Aquele Abraço, abarca distintos ritmos e expressões culturais, do samba ao frevo, do funk à bossa nova. Enquanto o som toca firme na caixa, imagens de cantos diversos do país serão projetadas em um imenso telão de LED, que esconde o backstage, concentrado em um prédio de cinco andares erguido do zero. A brincadeira que corre nos bastidores é que, daqui em diante, o histórico Moulin Rouge terá que fechar as portas e se renovar em Paris. Exageros ufanistas à parte, fica a torcida para que os turistas que formam fila para conhecer o velho cabaré da Cidade-Luz batam ponto também nessas praias ao sul do Equador.

    Publicado em VEJA de 11 de outubro de 2024, edição nº 2914

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.