Operação cumpre quase 100 mandados de prisão contra PMs
Maior ação sobre a corrupção de policiais militares, investigação apura acusações de recebimento de propina em troca de proteção ao tráfico de drogas
Uma megaoperação da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) cumpre 96 mandados de prisão contra policiais militares em São Gonçalo, segunda maior cidade do estado. Também foram denunciados à Justiça, pela operação batizada de Calabar, 71 traficantes da região. Os PMs são acusados, segundo o Grupo de Ações Especiais contra o Crime Organizado (Gaeco), do MP-RJ, de receber dinheiro em troca de não coibir o tráfico de drogas na região.
Os agentes vão responder pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa. Entre os denunciados, estão os policiais de pelo menos sete Grupamentos de Ações Táticas (GATs), do Serviço Reservado (P2) e de Destacamentos de Policiamento Ostensivo (DPOs) de diversas localidades. O esquema de recebimento de propina rendaria cerca de 1 milhão de reais por mês aos militares.
Acusados de pagar a propina, os traficantes serão processados por associação para o tráfico e corrupção ativa. As investigações começaram após a captura de um homem, em 2016, portando dinheiro de favelas controladas pelo tráfico de drogas em São Gonçalo. Ele fez acordo de delação premiada, facilitando a apuração dos fatos.
“Cinco civis foram denunciados, acusados de serem os intermediários das propinas. Cabiam a eles fazer os ‘recolhes’ junto aos traficantes”, disse a nota do MP. Entre os traficantes alvos da ação está Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, que foi condenado pela morte do jornalista Tim Lopes, da TV Globo, em 2012. “Apesar de não ser liderança direta em São Gonçalo, constava como recebedor de recursos do tráfico local”, informaram os procuradores.
Considerados líderes do tráfico na região, Shumaker Antonácio do Rosário, o Schumaker, e Érico dos Santos Nascimento, o Farme. A ação desta quinta-feira é, segundo a Polícia Civil, a maior da história relativa a casos de corrupção de policiais, com 800 agentes e 110 delegados. A execução da Operação Calabar ficou por conta do Gaeco, pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, da PC, e pela Corregedoria de Polícia Militar.
(Com Estadão Conteúdo)