Barba, óculos escuros, com chapéu, com a cabeça raspada… A Polícia Federal divulgou neste domingo retratos com dezesseis possibilidades de disfarce que Cesare Battisti pode assumir. O italiano, que vive no Brasil desde 2004, está foragido desde sexta-feira, quando o presidente Michel Temer assinou seu pedido de extradição. O ex-militante responde por crimes no Brasil e em seu país natal. Por aqui, ele é acusado de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Na Itália, sua situação é mais grave: foi condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos cometidos na década de 70. Battisti integrava a organização Proletários Armados pelo Comunismo (PAC).
A Polícia Federal trata Battisti como um foragido e destaca que o paradeiro do italiano é “incerto”. Seu nome está na lista de procurados do Brasil e da Interpol, polícia internacional. O governo italiano mandou uma aeronave e três agentes para transportar e escoltar o italiano para o seu país natal. O avião está no aeroporto internacional de Guarulhos, aguardando a prisão do ex-militante.
O advogado de Battisti, Igor Tomasauskas, afirmou que não falou com seu cliente desde a decisão do Supremo Tribunal Federal de prendê-lo. “A decisão de se entregar é dele. Até porque se entregar significa a extradição”, acrescentou Tomasauskas.
Em novembro de 2009, o plenário do STF havia autorizado a extradição do ex-militante de esquerda, pedida pelo governo italiano em 2007. No último dia de seu mandato, em 31 de dezembro de 2010, no entanto, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou Cesare Battisti a ficar no país e negou a extradição.
Na última quinta, porém, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux determinou a prisão do italiano. O magistrado entendeu que, como o STF havia determinado que Battisti fosse extraditado, o asilo pode ser revisto por outro presidente da República.
Governo italiano
No sábado, o governo da Itália agradeceu Temer pela decisão de extraditar Battisti. A medida também era defendida pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro. “Senhor presidente, quero expressar meu mais sincero agradecimento pela decisão de Vossa Excelência sobre o caso do cidadão italiano Cesare Battisti, definitivamente condenado pela Justiça italiana por crimes gravíssimos e que até hoje se subtraiu à execução das relativas sentenças”, diz a mensagem, assinada pelo presidente italiano Sergio Mattarella.
“Seu gesto constitui um testemunho significativo da amizade antiga e sólida entre o Brasil e a Itália e atesta a sensibilidade em relação a um caso complexo e delicado, que desperta sentimentos de intensa participação na opinião pública de nosso país”, acrescentou Mattarella. A carta foi reproduzida pelo governo italiano em sua conta no Twitter.