A Polícia Federal de Pernambuco ainda está contabilizando todos os bens apreendidos do crime organizado durante a megaoperação Além-Mar, deflagrada há uma semana. Por enquanto, o que foi levantado até esta quarta-feira, dia 26, já rendeu mais de 55 milhões de reais entre quatro aeronaves, quatro helicópteros, quatro embarcações, duas motos aquáticas e mais de 130 veículos, entre caminhões e carros (confira galeria abaixo).
Das contas bancária dos alvos, a Justiça já bloqueou mais de 5 milhões de reais e, em dinheiro vivo, foi encontrado uma soma de 416.000 reais. O Judiciário também deferiu o sequestro de 35 imóveis, cujo valor ainda não foi calculado.
A operação, iniciada em 2018, mirou quatro organizações criminosas diferentes que atuam no tráfico internacional de cocaína. Os bens foram confiscados em mais de treze estados. As investigações descobriram que, nos últimos anos, as quadrilhas passaram a utilizar com mais frequência helicópteros e veleiros para o transporte da drogas no lugar de aviões e navios de carga, que são mais sujeitos à fiscalização.
A megaoperação atingiu quatro núcleos que cuidavam de toda a “cadeia de produção” do esquema criminoso. Havia um grupo sediado em São Paulo, que operacionalizada a “importação” da droga do Paraguai pela fronteira por meio de aviões e helicópteros. Outro, estabelecido em Campinas (SP), era responsável por armazenar a droga em fazendas. Outro, em Recife, formado por empresários do setor de logística, fazia o transporte dos produtos ilícitos a portos do Nordeste, de onde partiam para os continentes europeu e africano. E havia ainda outro, na região comercial do Brás e 25 de Março, na cidade de São Paulo, que disponibilizava contas bancárias em nome de laranjas para a movimentação milionária do dinheiro.
Durante o curso das investigações, a PF apreendeu cerca de 11 toneladas de cocaína – dentre elas, 1,5 tonelada foi apanhada durante a pandemia de coronavírus, entre março e julho deste ano.
Um dos responsáveis por trazer a droga ao Brasil era o traficante Sergio de Arruda Quintiliano, mais conhecido como Minotauro. Apontado como um dos maiores sócios da facção criminosa PCC na fronteira Brasil-Paraguai, ele está desde fevereiro de 2019 no presídio federal de segurança máxima em Brasília. Suspeito de estar por trás da morte de um policial, uma advogada e um candidato a prefeito na região, ele foi capturado em Balneário Camburiú (SC) com 100.000 dólares em dinheiro.
Na operação Além Mar, a PF cumpriu mais de 50 mandados de prisão. Aalém dos bens apreendidos, recolheu 86 celulares, que estão sendo periciados para desvendar o complexo esquema de tráfico internacional de drogas no Brasil.