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‘Poderia ter sido antes’, diz Doria sobre transferência de Marcola

Demora ocorreu pelo receio do governo estadual de que medida pudesse desencadear série de atentados ordenada por facção criminosa

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 fev 2019, 17h21 - Publicado em 13 fev 2019, 14h44
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  • O governador de São Paulo, João Doria, afirmou nesta quarta que o plano para transferir Marcos Williams Herbas Camacho, chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), e os outros 21 presos ligados à facção foi “minuciosamente” planejado há 51 dias e poderia ter acontecido antes.

    “Foi uma operação delicadíssima e executada com alta eficiência. Os custodiados estão sob os cuidados do governo federal agora”, disse o governador, que citou nominalmente Marcola como o chefe da facção. Trata-se claramente de uma mudança de postura no governo de São Paulo, que na gestão de Geraldo Alckmin sempre procurou minimizar a força do PCC e evitar falar de Marcola.

    A transferência do maior líder do PCC é um pleito antigo da Polícia Civil e do Ministério Público. Mas o governo Alckmin sempre rechaçou a medida, alegando que os presídios paulistas eram seguros o suficiente para manter os bandidos. Nos bastidores, no entanto, havia o temor de uma reação violenta da facção como a ocorrida em 2006.

    O pedido pela transferência ganhou força no fim do ano passado com a descoberta de um plano ousado para resgatar Marcola, que envolvia contratação de mercenários e armas com poder de fogo para derrubar helicópteros. O ex-governador Márcio França (PSB), no entanto, decidiu deixar o assunto espinhoso para Doria, seu rival nas eleições.

    O secretário de Segurança Pública, coronel João Campos, destacou que a operação de hoje foi “foi absolutamente perfeita. Todos os detalhes. A aeronave tocou o solo e saiu no horário previsto”, disse o secretário, frisando que foram tomadas diversas medidas por uma força-tarefa constituída pelas Polícias Estadual e Federal, Exército, Aeronáutica e Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

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    Além de Marcola, também foram transferido Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o “Marcolinha”, irmão do líder da facção. Os outros 20 presos transferidos nesta quarta são: Lourinaldo Gomes Flor, o “Lori”; Pedro Luís da Silva, o “Chacal”; Alessandro Garcia de Jesus Rosa, o “Pulft”; Fernando Gonçalves dos Santos, o “Colorido”; Patric Velinton Salomão, o “Forjado”; Lucival de Jesus Feitosa, o “Val do Bristol”; Cláudio Barbará da Silva, o “Barbará”; Reginaldo do Nascimento, o “Jatobá”; Almir Rodrigues Ferreira, o “Nenê de Simone”; Rogério Araújo Taschini, o “Taschini” ou “Rogerinho”; Daniel Vinicius Canônico, o “Cego”; Márcio Luciano Neve Soares, o “Pezão”; Márcio Luciano Neve Soares, o “Pezão”; Alexandre Cardozo da Silva, o “Bradok”; Júlio Cesar Guedes de Morais, o “Julinho Carambola”; Luís Eduardo Marcondes Machado de Barros, o “Du da Bela Vista”; Célio Marcelo da Silva, o “Bin Laden”; Cristiano Dias Gangi, o “Crisão”; José de Arimatéia Pereira Faria de Carvalho, o “Pequeno”; Reinaldo Teixeira dos Santos, o “Funchal”; e Antônio Jose Muller Junior, o “Granada”.

    Marcola foi transferido na manhã desta quarta-feira, 13, o presídio de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, para uma penitenciária federal. Há cinco no país – em Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Mossoró (RN), Porto Velho (RO) e Brasília (DF).

    O local para onde ele foi levado não foi informado, mas as cadeias do Mato Grosso do Sul e do Paraná foram descartadas pela proximidade com o Paraguai, onde a facção criminosa tem forte presença.

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    Além de Marcola, outros 21 presos ligados à facção estão sendo encaminhados para presídios geridos pelo governo federal que não sofrem com problemas de superlotação e tem uma rotina rígida, com horário limitado para banhos de sol e proibição de visitas íntimas.

    A transferência foi determinada pelo juiz da 5ª Vara de Execuções Criminais de São Paulo, Paulo Sorci, que atendeu a um pedido do promotor de Presidente Prudente Lincoln Gakiya. O prazo de permanência foi definido em um ano, que pode ser renovável. Desde o ano passado, o juiz já vinha ordenando a transferência de líderes do PCC para presídios federais pela suspeita de que eles continuavam comandando o crime, mesmo estando atrás das grades.

    A demora em relação a Marcola ocorreu pelo receio do governo estadual de que a medida pudesse desencadear represálias como as de 2006, nas quais a facção ordenou uma série de atentados a policiais e agentes penitenciários como reação à transferência de mais de 700 presos para Presidente Venceslau. 

     

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