Polícia de MG encontra substância tóxica em um terceiro lote de cerveja
Após perícia, corporação também diz ter identificado o anticongelante dietilenoglicol em amostra recolhida na cervejaria Backer
A Polícia Civil de Minas Gerais identificou a presença da substância tóxica dietilenoglicol em um terceiro lote da cerveja Belorizontiona, recolhido na residência de consumidores internados com sintomas renais e neurológicos. O lote L2-1354 soma-se aos L1-1348 e L2-1348, anteriormente divulgados. A corporação também anunciou que identificou em uma perícia realizada neste fim de semana a presença do dietilenoglicol em uma amostra recolhida no depósito da cervejaria Backer.
“Temos hoje a constatação de três lotes de cerveja contaminados pelo dietilenoglicol”, disse Thales Bittencourt, superintendente de Polícia Técnico Científica, em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira, 13. “Podemos afirmar hoje a existência das substâncias em garrafas recolhidas na casa das vítimas, em garrafa recolhida na empresa Backer, e no sangue de quatro vítimas”, afirmou o superintendente.
A amostra recolhida no depósito da empresa foi enviada em um avião da Polícia Militar a Brasília para um estudo de carbonatação, processo que atesta que o produto não foi alterado. Após a constatação de que não foi violado, voltou ao Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais, que identificou a presença de mono e dietilenoglicol, ambas substâncias usadas como anticongelantes. A cerveja do lote L2-1348 tinha o rótulo Capixaba, com propriedades idênticas à Belorizontiona, mas que é comercializada no Espírito Santo.
Bittencourt informou que notas fiscais da empresa apontavam a existência de monoetilenoglicol, mas não de dietilenoglicol. Em comunicado, a Backer diz que não usa a substância na produção da cerveja, algo que a Polícia Civil alega que “continuará investigando”. Entre as linhas de apuração, a corporação admitiu que considera a hipótese de sabotagem, depois que veio a público um boletim de ocorrência por ameaça de morte registrado por um supervisor contra um ex-funcionário.
“No momento, podemos afirmar a existência de uma síndrome nefroneural e uma compatibilidade dos sintomas em decorrência de intoxicação por dietilenoglicol. Isso é ponto pacífico na investigação”, concluiu Bittencourt.
O episódio provocou uma morte, dez intoxicações e uma lista de dez novas possíveis vítimas afetadas, que devem ingressar no inquérito assim que houver confirmações da área da saúde. A maioria das vítimas identificadas pelo governo mineiro compraram a cerveja no bairro de Buritis. Segundo a Polícia Civil, o produto também foi adquirido nos bairros Lourdes, Cidade Nova, Cruzeiro, e Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Todas as unidades dos lotes contaminados estão sendo recolhidas na capital mineira.