A Polícia Civil tem indícios de que o envolvimento de políticos no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) é maior e ultrapassa os limites do Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara Municipal carioca. Uma das linhas de investigação aponta para pessoas de maior peso no estado, que teriam interesse em desestabilizar a intervenção na segurança do Rio de Janeiro decretada pelo governo federal.
Os policiais, porém, não excluem a possibilidade de participação de um vereador e de um ex-PM – eles foram apontados por uma testemunha como interessados na morte da parlamentar. Para a polícia, a justificativa relatada tem falhas e não é compatível com o grau de sofisticação empregado pelos assassinos. VEJA apurou que a testemunha é um policial militar.
De acordo com o PM, o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica, que seriam ligados a um grupo miliciano, tinham interesse no assassinato de Marielle já que a atuação da vereadora na Cidade de Deus estaria atrapalhando negócios da quadrilha em outras áreas de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. O depoimento da testemunha – que trabalhou para milicianos e está sob proteção policial – foi revelado pelo jornal O Globo.
Policiais envolvidos na apuração ressaltam que políticos do PSOL como o deputado Marcelo Freixo negam que Marielle tenha liderado movimentos na Cidade de Deus que poderiam comprometer ações da milícia. Freixo destacou que a vereadora, que não tem base eleitoral na região, apenas encaminhava denúncias de violações de direitos humanos ocorridas lá e em outras áreas da cidade.
Desde abril a polícia tem informações sobre o suposto envolvimento de outros políticos no assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Até agora, porém, não conseguiu reunir evidências dessa participação. Siciliano e o ex-PM Orlando de Araújo, que está preso por causa de outra acusação, negam qualquer ligação com a morte de Marielle. Na noite desta quinta 10, a Delegacia de Homicídios vai fazer a reprodução simulada do crime.