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Por que o MP denunciou madrasta por envenenar enteados com chumbinho

Cíntia Mariano Dias Cabral vai responder pela morte de Fernanda, de 22 anos, em março, e pela tentativa do assassinato do irmão da jovem, Bruno, 16.

Por Adriana Cruz 12 jul 2022, 11h07

Em menos de dois meses, Cíntia Maria Dias Cabral, 49 anos, envenenou os dois enteados, os irmãos Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, e Bruno, de 16, segundo as investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A jovem comeu a comida envenenada, preparada pela madrasta, e morreu em março, enquanto o rapaz consumiu o pesticida servido no feijão, foi levado para o hospital, em maio, e sobreviveu. De acordo com o Ministério Público, laudos do Instituto Médico Legal (IML) e depoimentos prestados na delegacia comprovam os envenenamentos das vítimas. “Após os fatos, ambas apresentaram, como pontuado no relatório da autoridade policial, sintomas típicos de intoxicação exógena por carbamato (chumbinho), quando verificados de forma simultânea”, diz trecho da denúncia encaminhada à Justiça.

Em depoimento à polícia, Carla Mariano Rodrigues, de 25 anos, revelou que a mãe, Cíntia, serviu “rindo” o feijão que estaria envenenado a Bruno em um almoço de família. Para outro filho, Lucas, a madrasta confessou que praticou os crimes contra os jovens. Tudo teria sido feito por amor ao pai das vítimas. O caso de Fernanda, que chegou a ser registrado como morte natural, virou investigação após vir à tona a intoxicação ocorrida com Bruno. Ele relatou que, “quando almoçava na casa da denunciada, sempre servia a sua própria comida. No dia dos fatos, no entanto, seu prato foi entregue pela demandada e já continha feijão, e ele colocou os outros alimentos. O ofendido narrou que, ao provar o feijão, sentiu, imediatamente, um gosto amargo e viu umas ‘bolinhas escuras’, meio azuladas, e indagou que bolinhas eram aquelas, momento em que a denunciada retirou o prato da mesa e foi à cozinha.”, descreve trecho do documento.

Cíntia está presa desde o dia 20 de maio e vai responder por homicídio e tentativa de homicídio. O Ministério Público quer ainda que ela continue atrás das grades. “Os crimes por ela praticados são extrema e concretamente graves e, por terem sido praticados em sequência, após curto intervalo, indicam a inclinação da demandada à prática delituosa, a qual oferece riscos à coletividade”, sustenta a promotoria. Ela tinha um relacionamento com Adeilson, o pai das vítimas, há quatro anos. Ela é mãe de três filhos de relacionamento anterior e tinha uma filha adotiva com o marido. A reportagem ainda não conseguiu contatar a defesa da acusada.

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