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Procuradoria de Angola fecha templos da Igreja Universal em três cidades

Ação faz parte das investigações do Ministério Público local contra a instituição de Edir Macedo, que está em guerra com grupo de dissidentes angolanos

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 ago 2020, 12h10 - Publicado em 14 ago 2020, 11h07
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  • A Procuradoria-Geral da República de Angola deflagrou uma operação nesta sexta-feira, 14, para fechar templos da Igreja Universal do Reino de Deus nas cidades de Luanda, Viana e Cazenga. As medidas são fruto de uma investigação iniciada no final de 2019 que apura se a instituição comandada pelo bispo Edir Macedo cometeu irregularidades, que vão desde discriminação racial e imposição de vasectomia a evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

    Não se sabe ainda quantos templos foram “apreendidos” pelas autoridades angolanas – este é o termo que o Ministério Público utilizou para definir a ação. Os templos interditados ficarão nas mãos do Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos (INAR), vinculado ao Ministério da Cultura, até que seja tomada alguma decisão judicial.

    No comunicado divulgado hoje, a PGR informa que as “apreensões” resultam “do fato de existirem nos autos indícios da prática dos crimes de associação criminosa, fraude fiscal, exportação ilícita de capitais, abuso de confiança e outros ilícitos”.

    Instalada no país desde 1992, a Igreja Universal em Angola enfrenta um confronto entre dois grupos antagônicos – um, formado por brasileiros e angolanos ligados a Edir Macedo e ao líder em Angola, o bispo Honorilton Gonçalves; e o outro, de pastores angolanos dissidentes que se autointitulam a “comissão reformada” da Universal e são comandados pelo bispo Valente Bezerra Luís.

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    No fim de julho, o segundo grupo publicou a ata de uma assembleia-geral no Diário Oficial do país, “formalizando” a destituição da liderança brasileira da instituição religiosa. O grupo pró-Macedo reagiu dizendo que o documento “não tem validade nem legalidade”. E o conflito pelo comando da igreja, que arrecada uma soma considerável de milhões de reais dos fiéis, ainda continua.

    Ainda em julho, o presidente Jair Bolsonaro se envolveu pessoalmente na questão, ao enviar uma carta ao presidente de Angola, João Manuel Lourenço, manifestando “preocupação” com os “recentes episódios” e pedindo uma proteção maior aos membros brasileiros da igreja, “a fim de garantir sua integridade física material e a restituição de propriedades e moradias”. Bolsonaro tem o bispo Edir Macedo como um de seus maiores aliados no segmento evangélico. O Congresso Nacional também se envolveu e passou a planejar uma viagem oficial ao país, em setembro, para verificar as denúncias de violência contra os pastores brasileiros.

    Apesar da intervenção de Bolsonaro e do Parlamento brasileiro no conflito, o governo angolano manteve as investigações e tem insistido em dizer que o impasse não é de ordem política, mas jurídica. O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, reforçou recentemente que o problema não deve avançar para o plano diplomático. “O que se nota muitas vezes é tentar esconder o essencial: problema interno, de gestão, um problema que opõe alas internas dentro da igreja e transformar isto num problema político, que não é”, disse ele à imprensa local.

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