Uma professora de espanhol da escola de idiomas do colégio Raul Brasil, em Suzano, pode ter ajudado a salvar vidas durante o ataque a tirosque matou cinco alunos e duas funcionárias, além dos próprios atiradores o tio de um deles, na última quarta-feira 13. Ao deixar o velório coletivo na Arena Suzano nesta quinta-feira, 15, Claudete de Oliveira falou sobre os momentos de tensão que viveu na sala de aula.
“Estávamos no fundo da escola, no centro de línguas, que tem horários diferentes da escola regular, por isso não era nosso intervalo. Um aluno me disse que escutou tiros, mas eu pensei que pudessem ser bombinhas, como já ocorreu outras vezes. Então fui até o corredor e vi o que estava acontecendo. Voltei calmamente à sala e pedi aos alunos: fiquem abaixados, vou apagar a luz, e quem estiver com celular, ligue para a polícia.”
Claudete contou que empurrou cadeiras para segurar a porta e conter os atiradores, mas foi surpreendida por gritos de socorro. “Neste momento, ouvi crianças desesperadas pedindo para abrir. Por instinto, graças a Deus, abri a porta e consegui colocá-los para dentro. Nesse momento, decidi que ninguém mais sairia ou entraria e comecei a rezar.”
O momento mais assustador, no entanto, veio na sequência. “Os atiradores deram duas pancadas na minha porta, mas eu não abri. Daí vieram tiros e um silêncio mortal”, explicou. Ela demorou a acreditar que os homens que a chamavam do lado de fora eram policiais.
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“Num primeiro momento, desconfiei. Mas abri uma fresta, vi que era um policial e eles nos pediram para todos saírem sem olhar para o chão. Os corpos dos dois atiradores estavam bem ali.” Passado o choque inicial, Claudete teve uma nova surpresa ao descobrir a identidade de um dos atiradores, Luiz Henrique Castro.
“Ao ver fotos de quando ele era menor, percebi que dei aula para o Luiz na quinta série. Fiquei muito triste, porque me lembrava dele como um menino muito tranquilo, amoroso, estudioso”. Caso semelhante ao de Claudete ocorreu com asmerendeiras Silvana Moraes e Lizete Santos, que colocaram cerca de 60 estudantes dentro da cozinha para protegê-los dos ataques.
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