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Quadrilhas de roubo a banco já atingiram metade de São Paulo

Cidades do interior, muitas vezes com menos de dez policiais com efetivo total, costumam ser alvo preferencial dos criminosos

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 5 abr 2019, 12h38 - Publicado em 5 abr 2019, 12h00

Dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo apontam que, desde 2015, ao menos metade dos 645 municípios do estado de já foi alvo de quadrilhas especializadas em ataques a caixas eletrônicos e a bancos. Há quatro anos, quando houve o pico das ações, o estado registrava dois desses crimes por dia. O caso mais recente aconteceu em Guararema, quando um bando foi flagrado por policiais militares durante uma tentativa de assalto e 11 suspeitos foram mortos após tiroteio.

Os grupos fortemente armados costumam repetir a tática para fugir com o dinheiro, segundo apontam policiais e pesquisadores que acompanham esses registros: eles contam com mais de uma dezena de integrantes, frequentemente com fuzis, aterrorizam a cidade, dificultam a perseguição policial e fogem sem ser alcançados.

As cidades do interior, muitas vezes com menos de dez policiais com efetivo total, costumam ser alvo preferencial. Desta vez, os criminosos não contavam que a polícia já monitorava a ação e chegaria com uma tropa especializada em menos tempo. Para combater a recorrência desses crimes, a polícia vem tentando acionar batalhões especializados de forma mais rápida para fazer frente ao poder de fogo dos bandos.

Para o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Rafael Alcadipani, o Estado não tem sabido lidar com a situação. “Sempre vamos enfrentar na rua quadrilhas com fuzis, trocando tiro com elas?”, questionou.

Para ele, a estratégia tende a causar desconfiança sobre a legitimidade das ações policiais que terminam com tantos mortos, como foi o caso de Guararema. Ele disse que investigações sobre as quadrilhas especializadas podem apresentar efeitos positivos. “Não há 50 quadrilhas desse tipo no estado cometendo esses crimes, que são muitos especializados e requer logística. Desbaratá-las terá um efeito forte na incidência. Tem de prender”, apontou o professor.

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Há pouco mais de um ano, em 28 de fevereiro do ano passado, oito integrantes de uma quadrilha envolvida em ataques a caixas eletrônicos foram emboscados e mortos pela Polícia Militar, no distrito de Jardim Egídio, em Campinas. Os criminosos estavam em dois carros roubados e, segundo a PM, seguiriam para Joanópolis, onde usariam explosivos em assaltos a banco.

A informação sobre o possível ataque chegou à PM por meio de bilhete anônimo manuscrito. A polícia fez, então, um cerco à quadrilha e matou sete suspeitos no local. O corpo do oitavo, baleado no confronto, só foi achado uma semana depois.

Para o ex-comandante da Polícia Militar Benedito Roberto Meira, coronel da reserva, o confronto só acontece quando os suspeitos não se rendem. “Temos hoje 240 mil presos no sistema carcerário. E por quê? Porque levantaram a mão para a polícia e se renderam. Se isso não acontece, vai ter confronto. Eles poderiam ter se rendido, mas decidiram atirar contra os policiais”, disse Meira.

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Informação

Segundo o oficial, os bandos se mobilizam com base em informações privilegiadas sobre o funcionamento do banco que seria atacado. “Para eles, sair com 30 mil reais não vale a pena. Eles só montam a logística e atacam quando sabem que tem algo diferente, melhor, uma quantia considerável.”

O coronel diz que, mesmo com informação prévia de que o crime ocorrerá, às vezes não há saída a não ser o confronto. O alerta do Ministério Público, conta, serviu para que tropas especializadas fossem acionadas. “A Rota pode ter equidade de armamento com os criminosos, que não vêm para brincar. Os agentes portam fuzis calibre 5.56 e ficam preparados para o que acontecer.”

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