Rocha Loures será transferido à Papuda na quarta-feira
Ex-assessor presidencial flagrado com mala de propina da JBS está preso preventivamente por ordem do ministro Edson Fachin, do STF
Preso preventivamente desde sábado na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, o ex-assessor presidencial e ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) deve ser transferido ao presídio da Papuda, em Brasília, na próxima quarta-feira, segundo informa a PF. O pedido de adiamento da transferência, inicialmente prevista para esta segunda-feira, foi feito pelo advogado dele, Cezar Roberto Bittencourt, que alega não ter tido acesso a documentos da investigação contra Rocha Loures. O peemedebista ainda não prestou depoimento e será ouvido pelos investigadores até quarta-feira, de acordo com a Polícia Federal.
A prisão preventiva de Rodrigo Rocha Loures foi pedida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e autorizada pelo relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin. Depois de transferido à Papuda, o ex-assessor presidencial deve ser levado ao setor conhecido como “ala de vulneráveis”, construído para abrigar presos condenados pelo mensalão. Estão detidos nessa área, por exemplo, o operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro, investigado na Lava Jato, e o ex-senador Luiz Estevão.
Rocha Loures é investigado ao lado do presidente Michel Temer no inquérito 4483, aberto no STF a partir das delações premiadas de executivos da JBS para investigar os crimes de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa.
Temer foi gravado pelo dono da empresa e delator, Joesley Batista, em uma conversa no Palácio do Jaburu no dia 7 de março. No diálogo, o presidente diz “ótimo, ótimo” quando o empresário revelou estar “comprando” um procurador do Ministério Público Federal e “segurando” dois juízes, além de ter respondido “tem que manter isso, viu?” diante da afirmação de Joesley de que estava “de bem” com o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o Funaro.
Na conversa, o empresário disse a Temer que precisaria de ajuda do Planalto para vencer um processo administrativo contra a Petrobras no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O presidente, então, indica Rocha Loures como interlocutor de sua “estrita confiança” para atender à demanda do grupo J&F. Em encontro com o aliado de Michel Temer, Joesley prometeu que a ajuda renderia 500.000 reais semanais em propina durante vinte anos.
No dia 18 de abril, Rodrigo Rocha Loures foi flagrado pela Polícia Federal ao sair de uma pizzaria nos Jardins, em São Paulo, com uma mala recheada com 500.000 reais entregue pelo diretor de relações institucionais da JBS e também delator, Ricardo Saud. Rocha Loures acabou devolvendo o dinheiro no último dia 25.