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Sérgio Cabral depõe no RJ e nega ‘taxa de oxigênio’

Ex-governador repetiu alegação de que bancou compras de artigos de luxo com 'sobras' de caixa dois de campanhas eleitorais

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 Maio 2017, 15h55

Réu em nove processos na Justiça Federal, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) prestou depoimento nesta quarta-feira ao juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em primeira instância no Rio. Na oitiva, que durou apenas 20 minutos, Cabral negou ter recebido propinas das empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia e repetiu ao magistrado a mesma justificativa que deu ao juiz Sergio Moro para as compras de joias e outros artigos de luxo com dinheiro em espécie. Segundo o ex-governador, as aquisições foram bancadas com “sobras de caixa dois de campanha”.

Embora Marcelo Bretas tenha ponderado a Sérgio Cabral que esta seria sua oportunidade de se defender pessoalmente no processo e que há “forte material probatório” contra ele nesta ação, o peemedebista seguiu a orientação de sua defesa e respondeu apenas as questões de seu advogado, opção que já fizera no depoimento a Moro. A pedido da defesa da mulher de Cabral, a advogada Adriana Ancelmo, ré nesta ação penal, ele também respondeu às suas perguntas.

Cabral disse ao magistrado que fez compras com valores em espécie nas joalherias de luxo H.Stern e Antonio Bernardo, mas negou que tenha usado dinheiro sujo nas transações. “[As compras eram] sempre em datas festivas, presenteando minha mulher. Reconheço que com sobras de campanha eleitoral”, declarou. Segundo o peemedebista, a ex-primeira-dama não sabia de como os presentes eram pagos e não recebeu propina em nome dele por meio de seu escritório de advocacia, o Ancelmo Advogados.

Apontado pelo Ministério Público Federal como líder de uma organização criminosa, Sérgio Cabral é acusado 49 vezes pelo crime de corrupção passiva e 166 vezes por lavagem de dinheiro apenas neste processo. De acordo com os procuradores, as Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia pagaram propina a Cabral e seu grupo político nas obras da reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014, do Arco Metropolitano e da urbanização de comunidades cariocas no PAC das Favelas, bancado por recursos do governo federal.

Com repostas curtas, o ex-governador negou a acusação do Ministério Público Federal de que cobrava propina de 5% dos valores das obras do governo do estado durante sua gestão e também negou a existência da “taxa de oxigênio”, propina de 1% sobre contratos do estado repassada a alguns de seus auxiliares no governo, como os ex-secretários Wilson Carlos e Hudson Braga.

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De acordo com Sérgio Cabral, não houve irregularidades na doação eleitoral da Andrade ao comitê nacional do PMDB, destinada a sua campanha em 2010, que o Ministério Público Federal afirma ser propina disfarçada. “A doação [da Andrade] foi feita de forma legal e transparente ao diretório nacional do partido”, limitou-se a responder.

Cabral também negou a acusação do Ministério Público Federal de que lavou dinheiro por meio da compra de uma lancha e do aluguel de uma sala comercial no Leblon, Zona Sul do Rio, onde funcionava uma empresa de consultoria do ex-governador. O peemedebista reconheceu diante do juiz federal que usava o barco, mas que pagava ao empresário Paulo Fernando Magalhães Pinto, dono da lancha, quando o fazia.

Tanto a embarcação quanto a sala mostram, de acordo com os procuradores, a atuação de Magalhães Pinto como “laranja” do ex-governador. Avaliada em 5,3 milhões de reais, a lancha Manhattan está registrada em nome da MPG Participações, da qual o empresário é sócio. De acordo com o MPF, Cabral é o verdadeiro dono da embarcação.

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