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Sergio Moro: ‘Há lealdades maiores do que as pessoais’

Ex-ministro da Justiça manda recado a Bolsonaro pelo Twitter e reafirma seu compromisso com as leis e a Constituição

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 Maio 2020, 11h38 - Publicado em 3 Maio 2020, 10h52
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  • Pouco mais de 10 horas depois de deixar a superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), o ex-ministro Sergio Moro publicou uma mensagem enigmática no Twitter: “Há lealdades maiores do que as pessoais”. Ao que tudo indica, a mensagem do ministro é uma reafirmação de seu compromisso com as leis e a Constituição e um recado ao presidente Jair Bolsonaro. Com a mensagem, Moro rebate as provocações do mandatário. No sábado, o presidente chamou Moro de “Judas” e insinuou que se o ex-ministro teria interferido no inquérito que investiga o atentado realizado por Adélio Bispo pouco antes das eleições. Adélio desferiu uma facada na barriga de Bolsonaro durante um comício, em Juiz de Fora (MG). “Os mandantes estão em Brasília? O Judas, que hoje deporá, interferiu para que não se investigasse?”, provocou Bolsonaro em sua rede social.

    O ministro Sergio Moro prestou ontem depoimento à Polícia Federal em Curitiba (PR) sobre as tentativas de Bolsonaro de utilizar a Polícia Federal politicamente, para ter acesso a relatórios de investigação. Passou quase nove horas juntos dos procuradores para detalhar as provas que têm em mãos contra o presidente. Moro chegou na sede da PF de Curitiba às 13h20, recebido por grupos de apoio e de protesto contra sua atitude. O depoimento começou uma hora depois, conduzido por três procuradores da República, dois delegados do Serviço de Inquéritos da Diretoria Investigação e Combate à Corrupção (Dicor) e pelo diretor da Dicor, o delegado federal Igor Romário de Paula, que atuou na PF de em Curitiba durante a Operação Lava Jato. Ele teria apresentado as provas que já dissera ter em mãos: audios e mensagens trocadas com o presidente.

    Em entrevista exclusiva a VEJA, Moro afirmou que entregaria provas de acusações de interferência política de Bolsonaro  “em momento oportuno”.  Além disso, ele revelou que é vítima de intimidação e que o presidente nunca priorizou o combate à corrupção. O ex-magistrado pediu demissão em 24 de abril, sob o argumento de “preservar” sua biografia. Depois de meses de embate com o Bolsonaro, ele fora surpreendido naquela madrugada com a demissão do diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, a quem nomeara, publicada no Diário Oficial da União.

    Para a imprensa, Moro detalhou suas conversas com o presidente, que insistia na subtituição de Valeixo por uma autoridade mais propensa a informá-lo sobre as investigações e relatórios de inteligência da PF. O ex-ministro afirmou ter resistido a essa investidas. Moro relatou ainda que Bolsonaro tinha “preocupações” com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) e que, por isso, desejava a troca no comando da PF e os dirigentes das superintendências de Pernambuco e do Rio de Janeiro. “O problema é permitir que seja feita a interferência política na Polícia Federal”, resumiu na ocasião.

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