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Sob pressão de Bolsonaro, ministério muda protocolo para uso da cloroquina

Paciente deverá assinar termo de consentimento para usar o medicamento

Por Mariana Zylberkan Atualizado em 20 Maio 2020, 11h04 - Publicado em 20 Maio 2020, 09h57
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  • O Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira, 20, o novo protocolo para uso da cloroquina em pacientes no início do tratamento, diante dos primeiros sintomas. Até então, a pasta recomendava o remédio apenas a doentes internados em estado grave.

    Nas novas recomendações, são prescritas doses diárias de 450 mg do medicamento junto com o antibiótico azitromicina. Na recomendação anterior do ministério, as porções diárias chegavam a 900mg, aplicadas em ambiente hospitalar devido ao risco de efeitos colaterais para o sistema cardíaco. O novo protocolo atenta para essa particularidade da cloroquina e recomenda aos médicos que entreguem ao paciente um termo de consentimento para ser assinado.

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    Por sintomas leves, o ministério listou os sinais clássicos de infecção por Covid-19: febre, dor de cabeça e tosse. Ao sinal de falta de ar e outros sintomas graves, a recomendação é procurar um hospital, segundo o novo protocolo.

    De acordo com a nova recomendação, pacientes com sintomas leves devem tomar cloroquina por 14 dias, sendo que no primeiro dia de tratamento a dose deve ser o dobro dos dias sequentes.

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    O uso da cloroquina fora do ambiente hospitalar representou uma queda-de-braço entre o presidente Jair Bolsonaro e os dois últimos ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich – este último deixou a pasta na sexta-feira 15 após menos de um mês no cargo.

    O novo protocolo, alvo de polêmica entre as entidades médicas por não dispor de embasamento técnico, foi assinado na gestão do general Eduardo Pazuello, indicado pessoalmente por Bolsonaro para ser o número 2 do ministério e alçado a ministro interino com a saída de Teich.

    A publicação culminou com o pedido de demissão do secretário de Ciencia e Tecnologia, o médico Antônio Carlos Campos de Carvalho, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), nomeado há 15 dias para ocupar o lugar de Denizar Vianna, quadro técnico indicado pelo ex-ministro Mandetta. Carvalho se recusou a compactuar com o uso da cloroquina em estágios iniciais da doença.

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    No documento, o Ministério da Saúde reconhece a falta de estudo técnico que confirme a efetividade do medicamento, mas ressaltou que a cloroquina já está sendo prescrita de forma individual pelos médicos e, diante disso, cabe ao órgão uniformizar a orientação dada à classe médica.

    Nesta terça-feira, Bolsonaro anunciou a mudança no protocolo durante uma live. Na ocasião, ele fez uma piada sobre o assunto: “quem é de direita toma cloroquina, e quem é de esquerda, tubaína”, disse no dia em que o país passou de mi mortes em um dia em decorrência do coronavirus.

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