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Substitutos de Marcola são transferidos para presídios federais

Objetivo é deixar a facção sem liderança em São Paulo

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 28 Maio 2019, 13h32 - Publicado em 28 Maio 2019, 12h53

Em sigilo, o governo de São Paulo transferiu no dia 15 de maio três presidiários que haviam assumido o comando do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo para uma unidade do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), substituindo no dia-a-dia o chefe do grupo Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. A cúpula da facção já havia sido enviada, em 13 de fevereiro, para penitenciárias federais.

Os presos Márcio Domingues Ramos, o Sombra; Valdeci Francisco da Costa, o CI (de Circuito Integrado); e Wilber de Jesus Mercês, o Pirajuí, passaram a dar as ordens na facção no lugar de Marcola, que hoje está em um presídio federal em Brasília. Segundo a cúpula da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), os três presos foram transferidos porque foi identificada “postura de liderança dentro da facção após a transferência inicial da cúpula”.

Caso novos presos sejam nomeados pela facção para substituí-los, a determinação da SAP será também de transferi-los para o sistema prisional federal. O objetivo do titular da pasta, Nivaldo Restivo, é deixar a facção sem liderança em São Paulo, impedindo que ela volte a planejar ações criminosas por meio de um comando único nas cadeias paulistas.

Dois dos presos que haviam assumido a liderança da facção haviam sido investigados em 2016 durante a Operação Ethos. Trata-se de Valdeci, o CI, e de Wilber, o Pirajuí. O primeiro planejava criar uma organização não governamental para infiltrar advogados da facção no Condepe. Autor de dois livros, CI mantinha contato com o advogado Luiz Carlos dos Santos, vice-presidente do Condepe. Bacharel em Direito, CI era o responsável pelo setor jurídico do PCC – a chamada Sintonia dos Gravatas – e organizou a assistência judiciária do grupo assim como o auxílio funerário.

Wilber também atuava na chamada Sintonia dos Gravatas e esteve internado no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), na Penitenciária de Presidente Bernardes, com Marcola e outros integrantes da cúpula da facção antes de voltar para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. A Justiça havia indeferido o primeiro pedido feito pelo Ministério Público Estadual para que CI fosse transferido em 2018 para o sistema federal.

O terceiro integrante era Sombra. Em 2013, quando 175 integrantes da facção – entre eles toda a cúpula do grupo – foram denunciados pelo Ministério Público por formação de quadrilha, Sombra ocupava o 19º lugar na lista. Ele pertencia ao setor financeiro do PCC e atuava no tráfico de drogas e armas para a facção.

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A inteligência da SAP detectou que Sombra, CI e Pirajuí haviam sido designados para substituir Marcola porque o isolamento dos líderes transferidos para o sistema prisional federal dificultava o processo de tomada de decisão no dia a dia da facção. O PCC teria integrantes espalhados por cinco países, além do Brasil (Guiana, Peru, Colômbia, Bolívia e Paraguai) e teria faturado no ano passado mais de 400 milhões de reais no País.

O pedido de transferência tramitou em sigilo e a reportagem não localizou os advogados dos presos.

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