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Temer diz não conhecer ‘pormenores’ da investigação na Caixa

Polícia Federal sustenta que executivos afastados do banco público favoreciam a base aliada de Temer, incluindo políticos do PR, PRB, PP e PMDB

Por Da redação
Atualizado em 20 jan 2018, 11h46 - Publicado em 20 jan 2018, 11h23
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  • O presidente Michel Temer disse que levou quase dois meses para afastar os quatro vice-presidentes da Caixa Econômica Federal envolvidos em desvios que vão desde facilitação de financiamentos bilionários em troca de propina até recebimento de favores pessoais simplesmente porque desconhecia o comunicado feito pelo Ministério Público Federal ao Palácio do Planalto. “Não recebi nenhuma comunicação. Foi um ofício ao chefe da Casa Civil que, por sua vez, encaminhou ao Ministério da Fazenda, que encaminhou à Caixa. Essas coisas você não faz a toque de caixa”, justificou o presidente em entrevista ao jornal Folha de São Paulo publicada neste sábado, 20. “Quando me chegou aos ouvidos que o Banco Central havia recomendado o afastamento, tomei a cautela de afastá-los para que o Conselho da Caixa possa examinar o assunto, dando-lhes o direito à ampla defesa”, concluiu.

    Segundo investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal, os quatro vice-presidentes foram indicados para os cargos por partidos políticos da base governista (PR, PRB, PP e PMDB) de Temer, muito embora eles sejam funcionários de carreira da instituição.

    Procuradores que acompanharam as investigações chegaram a enviar um segundo ofício afirmando que o presidente poderia ser responsabilizado, na esfera cível, por ilícitos que eventualmente viessem a ser cometidos pelos 12 vices que a Caixa mantém em seu organograma. Só depois desse alerta o presidente voltou atrás e decidiu afastar apenas quatro vice-presidentes investigados: Antônio Carlos Ferreira (Corporativo), Deusdina dos Reis Pereira (Fundos de Governo e Loterias), Roberto Derziê de Sant’Anna (Governo) e José Henrique Marques da Cruz (Clientes, Negócios e Transformação Digital). Temer não justificou esse recuo, mas arrumou uma desculpa para justificar porque não os afastou imediatamente. “Não conhecia os pormenores da investigação. Como confesso que não conheço até hoje. Na minha função, não consigo acompanhar caso por caso”.

    Temer rebateu também a afirmação do vice-presidente afastado da Caixa, Roberto Derziê de Sant’Anna, encarregado da relação do banco com o governo, que disse em auditoria que recebia pedidos de favores do próprio presidente e do ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). “Em primeiro lugar, jamais, grife jamais, e coloque em sua cabeça em letras garrafais, pedi coisa de emenda ou dessa natureza. O Derziê conheço formalmente, não tenho relação pessoal. Eu jamais fiz nenhum pedido”, garante.

    O afastamento dos quatro executivos da Caixa são apenas a ponta de uma investigação complexa que corre sob sigilo no seio da instituição. O Ministério Público Federal e a Polícia Federal mantém em diversos setores do banco três operações em pleno funcionamento: A Greenfield, que investiga desvio de recursos de fundos de pensão de bancos públicos e de estatal; Sépsis, que apura a liberação de recursos do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS) em troca de propina; e a operação Cui Bono, que tenta estancar fraudes na liberação de créditos da Caixa em troca de propina.

    Na entrevista, o presidente também comentou o polêmico encontro que teve com o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, às vésperas de entregar as respostas para 50 perguntas feitas por investigadores que apuram irregularidades em portos envolvendo o próprio Temer. “Eu discuti sobre segurança pública. O que me surpreende é que o presidente não pode falar com o diretor-geral da Polícia Federal. Como se fosse criminoso. Eu já estava com as perguntas respondidas. São tão desarrazoadas, singelas, simplórias que não tinha nenhuma preocupação”.

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