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Tráfico de drogas e guerra de facções: a Amazônia é o novo Rio

Na rota do comércio internacional de narcóticos, alguns estados brasileiros estão se transformando em polos de violência e medo

Por Leonardo Coutinho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 abr 2018, 06h00 - Publicado em 21 abr 2018, 06h00

Moradores com pavor de sair às ruas à noite. Bares e restaurantes que fecham as portas cada vez mais cedo. Territórios dominados pelo crime organizado. Isso lembra um certo estado sob intervenção federal? Infelizmente, esse cenário desolador está longe de ser uma exclusividade do Rio de Janeiro. O Amazonas é hoje o exemplo mais bem-acabado do processo de carioquização por que passam estados brasileiros que entraram na rota do tráfico internacional de drogas — além do Amazonas, Acre, Rondônia e Ceará.

Em Manaus, o conjunto habitacional Viver Melhor é a síntese de como a tragédia do Rio se replica no país. Erguido há seis anos por meio do programa Minha Casa Minha Vida, o residencial praticamente já se funde com uma favela que brotou ao lado. Somados os números de moradores dos apartamentos e dos barracos quase contíguos, são 70 000 as almas que habitam o local, a maioria egressa de áreas de risco ou de invasões nas bordas de rios e igarapés da região. Da mesma forma que o bairro Cidade de Deus — que nasceu no Rio como alternativa de reassentamento para famílias retiradas dos morros cariocas —, o residencial do Amazonas converteu-se em um terreno fértil para o tráfico. A facção criminosa Família do Norte (FDN) assumiu o controle do local. Trata-se, literalmente, de crime organizado: cada um dos blocos com quatro prédios de quatro andares está hoje entregue ao comando de um gerente do tráfico.

Já no Acre e em Rondônia, que fazem fronteira com a Bolívia, é o Primeiro Comando da Capital (PCC) que dá as cartas. Vendedor exclusivo da droga boliviana no Brasil, o PCC controla a faixa de fronteira que se estende para o sul, até o Paraguai. Em Porto Velho, a organização conquistou o mais emblemático dos conjuntos habitacionais da cidade. O Orgulho do Madeira, como é chamado o residencial erguido com financiamento do governo federal, reúne 7 000 moradores e é um antigo conhecido do sistema de execução penal de Rondônia. Nas telas de monitoramento de presos com tornozeleira eletrônica, o Orgulho do Madeira aparece como uma mancha em destaque. “Ali moram quase todos os bandidos rastreados pelo aparelho”, conta o secretário de segurança, Lioberto Caetano de Souza.

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