O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou na noite desta quarta-feira, 24, que desistiu de mandar observadores para as eleições da Venezuela, que ocorrem no próximo domingo, 28, após declarações de Nicolás Maduro questionando a lisura do pleito no Brasil.
“Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo”, diz o TSE, em nota.
“A Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente, por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral brasileiro, se desqualifiquem com mentiras a seriedade e a integridade das eleições e das urnas eletrônicas no Brasil”, diz a Corte.
Durante um comício na noite de terça-feira, Maduro defendeu as eleições locais e afirmou, sem apresentar provas, que as eleições no Brasil não são auditadas. “Temos o melhor sistema eleitoral do mundo, temos 16 auditorias”, afirmou o político. “Em que outra parte do mundo fazem isso? Nos Estados Unidos, é inauditável o sistema eleitoral. No Brasil não auditam um registro. Na Colômbia não auditam nenhum registro”, acrescentou.
As eleições no Brasil são auditáveis e seguras. Todos os processos, inclusive, são acompanhados por partidos políticos e outras entidades nacionais e internacionais. Mais cedo nesta quarta, o TSE já havia respondido à crítica de Maduro, afirmando que a urna brasileira é “comprovadamente transparente e auditável”, definindo-a como uma “tecnologia que garante a integridade da democracia”.
Ironia a Lula
Na última quarta-feira, o atual mandatário alertou que, se não vencer as eleições, o país pode enfrentar um “banho de sangue” e uma “guerra civil fratricida”. As ameaças foram mal recebidas por Brasília. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira, 22, estar “assustado” com a declaração e acrescentou: “Maduro precisa aprender que, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora”.
O presidente venezuelano, sem citar Lula nominalmente, rebateu as preocupações e disse que “quem se assustou que tome um chá de camomila”. Ele também destacou que não mentiu ao falar sobre o “banho de sangue” e que sua declaração foi apenas uma “reflexão”. “Na Venezuela vai triunfar a paz, o poder popular, a união cívico-militar-policial perfeita”, concluiu.