Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Vale não interrompeu explosões em Brumadinho, apesar de alerta da Tüv Süd

A vibração provocada por uma explosão pode se transformar no gatilho que desencadeia a liquefação, causa mais provável da ruptura da barragem em MG

Por Eduardo Gonçalves e Roberta Paduan
Atualizado em 7 fev 2019, 21h40 - Publicado em 7 fev 2019, 19h37
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Contrariando uma recomendação do relatório da Tüv Süd, empresa que fazia inspeções de segurança na barragem do Córrego do Feijão, a Vale continuou realizando detonações nas minas Córrego do Feijão e Jangada, localizadas no complexo minerário de Brumadinho, onde houve o rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro em 25 de janeiro. Indagada por Veja, a empresa respondeu que realizava, em média, 23 explosões por mês, sendo cinco em Córrego do Feijão e 18 em Jangada. Após a tragédia, a mineradora paralisou as atividades nas duas minas.

    No relatório que atestou a estabilidade da Barragem 1 da mina Córrego do Feijão, em setembro de 2018, a certificadora Tüv Süd recomenda a “proibição” de detonações nas proximidades do reservatório. A mina de Feijão fica a cerca de um quilômetro da barragem que ruiu, enquanto a de Jangada, fica a aproximadamente cinco quilômetros. A Vale não respondeu se houve alguma explosão no dia do desastre, nem quando ocorreram as últimas detonações no complexo.

    rasgado-proibir-detonacao
    Trecho do relatório em que a Tüv Süd recomenda que a Vale “proíba” detonações nas proximidades da barragem: alerta ignorado (Reprodução/Reprodução)

    As detonações fazem parte da rotina da atividade minerária. Para extrair o minério de ferro das rochas, é preciso escavá-las ou explodi-las. O problema é que a vibração provocada por uma explosão pode se transformar no gatilho que desencadeia o temido fenômeno de liquefação, que converte o rejeito sólido em líquido, ou melhor, na lama que soterrou parte de Brumadinho. A liquefação é causa mais provável do rompimento da barragem da Vale, e a mesma que derrubou a da Samarco, em Mariana, há pouco mais de três anos.

    Para a Tüv Süd, era “preciso evitar a indução de vibrações sobre a barragem”, para reduzir as chances de ocorrência de gatilhos. Além da suspensão das explosões, a certificadora faz outras recomendações. Entre elas, que a Vale evite o tráfego de equipamentos pesados na barragem. Os moradores de Brumadinho já eram acostumados ao barulho das explosões, e muitos se queixavam de que elas provocavam fissuras nas paredes de suas casas. Quase todos os dias às três da tarde, ouvíamos um barulhão”, diz a ambientalista Carolina Moura, moradora de Brumadinho.

    Continua após a publicidade

    Não é possível dizer se a energia liberada por explosões como as realizadas em Córrego do Feijão e Jangada seria suficiente para derrubar uma barragem, como a de Brumadinho, que já vinha apresentando problemas, como excesso de água. A Polícia Federal e o Ministério Público já contam com uma equipe de especialistas em engenharia e geofísica para apurar essas informações técnicas.

    A pedido do Ministério Público de Minas Gerais, o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UNB) produziu um estudo que identificou 754 tremores de terra de baixa intensidade num raio de 100 quilômetros ao redor da barragem. Os tremores registrados foram provocados por “causas artificiais”, ou seja, por explosões da extração mineral. O responsável pelo estudo, o geofísico George França, afirmou que explosões desse tipo não têm capacidade para derrubar barragens bem estruturadas. França, no entanto, diz que não é possível dar a mesma garantia para uma barragem com estrutura deficitária. “Não dá para dizer que esse tipo de detonação funcionaria como agente causador do colapso, mas também não dá para descartar a hipótese”.

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.